sábado, 2 de janeiro de 2016

ARTIGO - A Lei Sou Eu! (HE)


A LEI SOU EU!
Humberto Ellery*


L’État c’est moi” 
(Luís XIV – Y Saint-Germain-en-Laye,  1638 – Versalhes,1715)
              

A Presidente Dilma Rousseff alterou a lei que regulamenta o “Livro dos Heróis da Pátria”, para incluir o nome de Leonel de Moura Brizola. A Lei exigia, para a concessão da honraria, que o homenageado já tivesse 50 anos de falecido, (Brizola faleceu em 2004), justamente para que o distanciamento temporal evitasse a contaminação das paixões políticas na escolha do homenageado.

Atropelar as leis a seu bel-prazer não é estranho na vida pregressa de Dilma, é mais corriqueiro do que deveria, mas daí a considerar “Herói da Pátria” um político com uma biografia tão polêmica (para dizer o mínimo, e ser respeitoso com o defunto: de mortuis nihil nisi bonum), aí é “meio muito”, é "um pouco demais".

O tal herói nunca explicou direito porque Fidel Castro o chamava de “ratón”, ou “ratoncito”, nem o que fez com os milhões de dólares que o tirano lhe enviou para fazer “La Revolucion Brasileña”.

O Rio de Janeiro até hoje sofre com os traficantes aterrorizando a Cidade Maravilhosa, fortalecidos que foram pela desastrosa política de Brizola, quando governou o Estado (em duas oportunidades) : “A polícia não sobe o morro!”.

O jornalista Flávio Tavares, militante de esquerda, relatou, em detalhes, um diálogo dele com o seu aliado, Neiva Moreira (todos exilados no Uruguay), sobre uma lista de pessoas que deveriam ir para o “paredón” quando a revolução de Brizola triunfasse. Sua atitude foi de apenas retirar da relação o Ministro da Justiça do Presidente Castello Branco, o gaúcho Mem de Sá, que era seu amigo; os outros poderiam ser fuzilados.

Os seus “Clubes dos Onze”, células “revolucionárias” disseminadas em vários Estados do País, tinham listas semelhantes de pessoas condenadas ao “paredón”.  Esse político, que nem sequer os próprios filhos suportavam, agora é um “Herói da Pátria”. Eis outra grave pedalada contra a História.

Bebeto Ellery, O Indignado. 



NOTA DO EDITOR:

A indignação do articulista é compreensível, e a sua manifestação é legítima expressão da cidadania. Todavia, vale sempre lembrar que na democracia a caneta do poder muda de mãos regularmente.

Sua tinta é indelével perante a memória histórica, mas ela escreve sobre o palimpsesto jurídico, que se pode sempre raspar e reescrever, ab-rogando e revertendo, no futuro, os absurdos cometidos, quando melhor se fizer luz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário