segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

APRECIAÇÃO LITERÁRIA - Bessas e Queirozes (VM)


BESSAS E QUEIROZES
Boas Cepas Familiais
Vianney Mesquita*


Há sempre um altar para o amor e um caminhopara a ventura terrena: a família. Infeliz do homem que foge desse altar e se extravia. (IGINO UGO TARCHETTI, poeta e jornalista. YSan Salvatore Monserrato, 29.06.1939 – VMilão, 25.03.1869).


Pela terceira vez, provo da leitura de Lembranças da Vovó – vida de tanto tempo, exercício literobiográfico de mérito incontroverso, escrito pela então nascente escritora Tereza Cristina Bessa Raupp, natural de Beberibe-CE, pátria das supraditas linhagens  cuja avant première sucedeu em 2006, para orgulhoso registo no proscênio beletrístico do Ceará.

Naquele lance, expressei satisfação, em especial porque me admirei no sentido positivo em relação ao escrito, o qual, ab initio – antes de me internar na sua vista – me parecia um conjunto bem apropriado, sob as vestes adequadas a um labor literário, todavia submetido aos lindes do mero desfilar de fatos vinculados à vida fertílima de Dona Maria José de Queiroz Bessa, a Vovó em causa, de quem a escritora Tereza Cristina procede, em ordem segunda e linha vertical materna.

Ditoso engano, pois, letras básicas de uma monografia de curso de pós-graduação em senso estreito na Universidade Federal do Ceará e orientada por minha colega de Departamento naquela Academia, Professora Doutora Fátima Araripe, cuida de ensaio universitário arrimado em literatura recente de primeira ordem, obediente aos pressupostos mandatórios da Metodologia da Ciência.

O livro propôs-se cuidar de dois ramos auxiliares da Ciência Histórica – a Biografia e a Genealogia – envolvendo, por meio da avita biografada, felpas de grupos familiares grados da sociedade beberibense, como são os Bessas e os Queirozes, partícipes do bem procedido esquisso histórico de Beberibe, que adorna a obra.

Tereza Cristina – filha de meu ex-professor Francisco Iran Raupp, gaúcho, na antiga Escola Industrial de Fortaleza – penetrou fundo as suas pertinentes fontes livrescas e vertentes primárias, de forma a legar aos apreciadores do volume um apanhado de fatos recuperados do arisco e transitório tempo, não se confinando apenas à benquerença e ao afeto no trato familiar de seus parentes, em particular, da avó retratada.

Foi além, todavia, dos limiares do seu grupo primário a fim de aportar à estrada fertílima da História e da oralidade, cujas ocorrências dissertadas estão sempre seguras por excelentes origens, selecionadas para sustentar cientificamente o trabalho.

Não sobram dúvidas de que estes representam fatos sobranceiros, como o de comprazer-se ao desenhar a biografia de sua avó, conforme o é, também e principalmente, o de fazer o compêndio absolutamente legível para todo o continente literário, pois as ideias bem concatenadas, socializadas no livro, têm validez transposta a contingência caseira, com vistas a concertar sua obra com multiplicado valor.

Muito me conquista e torna feliz a chance de ter o aprazimento de opinar acerca de Lembranças da Vovó – vida de tanto tempo, pois, além de ser magnificente averbação de raízes familiares, é muito boa produção, sustentada sobre as determinações do método, de crescido alcance, ao gosto dos comentadores mais severos, não havendo, entretanto, severidade alguma que retire o humo literário e o terriço histórico empregados pela autora para compor esta interessante produção, originada com suporte na sua inteligência e esteio no seu preparo.



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