QUANDO SE TEM O MESMO
NOME
Wilson Ibiapina*
Não é que acabo de localizar cinco pessoas aqui no Face com
o meu nome: Wilson Ibiapina, de Araçatuba; Wilson Ibiapina, do Instituto Federal
do Piaui, residente em Teresina. Outros três moram em São Paulo. Não sei se meus
parentes, pois nasci em Ibiapina, no Ceará. Fui batizado como José Wilson
Ferreira Ibiapina e desde os anos 60, quando comecei a trabalhar como
jornalista assino Wilson Ibiapina.
Meu tio Raimundo, irmão de meu pai, ainda jovem, saiu do
Ceará e foi morar em São Paulo. Tinha um filho Wilson. Será que algum desses é
ele? O engraçado é que nem eu nem eles se interessaram, até hoje, em tentar
descobrir se existe algum parentesco entre nós. E eu que achava meu sobrenome
raro.
Trata-se de uma palavra indígena, tupi, e significa terra
cultivada. O meu Ibiapina vem da cidade do mesmo nome, na Serra da Ibiapaba,
onde habitavam os índios Tabajara. Eles eram comandados por dois caciques
famosos. Um deles Diabo Grande (Juruparaçu), na área onde estão hoje os
municípios de Ibiapina e Ubajara. Ele resistiu à colonização pretendida por
Pero Coelho, em 1603.
A outra tribo Tabajara ficava em Viçosa do Ceará e era
comandada por Mel Redondo (Irapuan). A lendária Iracema, criada por José de
Alencar, era lá de Ibiapina, filha de Araquém, pajé da tribo, que era pai
também de Caubi.
O Cacique Irapuan era apaixonado por Iracema, que, por sua vez
se encantou pelo guerreiro Branco, o português Soares Moreno. Iracema morreu de parto e Soares Moreno voltou para Portugal levando seu filho Moacir (filho do sofrimento). Dizem que é por isso que o cearense é nômade. O primeiro que nasceu foi embora. José de Alencar usou o livro Iracema para dar uma explicação poética para as origens do Ceará. Iracema – a virgem dos lábios de mel – virou símbolo do Ceará e o filho dela com o colonizador português representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças.
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ
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