Novo Leitor
Vianney
Mesquita*
Ler sem refletir é comer sem digerir. (Mariano José
Pereira da Fonseca - Marquês de Maricá. YRio de Janeiro, 18.05.1773; † 16.09.1848).
Constitui-se
alvissareiro para quem escreve o fato de deparar novos leitores, como este que
faço questão de registrar. Reporto-me a um neoamigo, o qual não somente lê
minhas mal traçadas, como também – e isto é por demais salutar – opina acerca
delas, dando ensejo a que, por exemplo, no caso de um lapso notado, situar o
escrevinhador ao par do engano, a fim de ele poder, no mesmo medium, reparar convenientemente o
descuido.
Esta
pessoa é o Dr. Antônio Custódio Matos Neto, a quem de há muito conhecia de
vista, ao assitir à Santa Missa, todos os domingos, na Igreja de Nossa Senhora
da Glória, na Cidade dos Funcionários, em Fortaleza.
Apenas,
porém, mantive contato com ele e outras pessoas (Sr. Maia, Dr. Washington, Dr.
Geraldo, Dona Fátima, Dedé, Dr.Modesto e outros), cujos nomes declinarei por
oportuno, quando de outro escrito, na saudável caminhada a que procedemos, e eu
e minha Socorro Mesquita, todos os dias no Lago Jacarey, perto de nossas
residências, às quatro e meia da manhã.
Este
novo correligionário e recém-conquistado leitor pertence ao estrato médio A da
sociedade cultural fortalezense, motivo por que a maioria desses caminhantes
tem boa escolaridade, a maior parte com formação superior, o que permite, no
decorrer do Cooper, desenvolver em
bom padrão as mais distintas matérias.
De
tal maneira, a conversa corre solta, ao privilegiar assuntos como família,
religião, política, futebol e (por que não?) o folguedo, a hilaridade e o
consequente riso – aliás, estes últimos temas como ocupantes de mais da metade
do repertório temático, durante os seis quilômetros percorridos.
Com
relação ao aspecto hilariante dessas sessões diárias, existem algozes e
“cristos”, alguns dos quais são “açoitados” pelos “judeus” mais do que os
outros, como, por exemplo, o Sr.
Damasceno e o Dr. Miranda, entre outros. Tem destaque especial o Sr.
Sombra, que há quase um ano está da Suíça e deve retornar agora, salvante
engano, no próximo mês.
Com
efeito, o repertório de piadas e irrupções
(1) guardados para o Sombra está bastante recheado, e será mais enriquecido,
ainda, com suas narrações, esparros e tretas, jamais agora, há meses provando
das delícias da rica e pitoresca Helvécia, de onde, decerto, inventará mil
lérias, como fez ao voltar do Reino Unido, em périplo que rendeu meses de
gabolice, conforme narram os cooperistas (2).
Na
verdade, ninguém ficaria confortável na pele dele quando voltar a caminhar. Só
Deus sabe como o Dr. Washington e o Dr. Custódio estão sequiosos pelo seu
retorno [...]
Procedo
a esta manifestação, não apenas como regozijo por haver granjeado mais um
consulente, o qual comenta meus textos, mas também em homenagem àqueles homens
e mulheres que procuram, pela hígida manobra física diuturna, melhor qualidade
de vida, mormente na terceira idade, a fim de que possam aportar à velhice sem
os tantos ais e uis próprios dos reumáticos, poços de queixas e emissores
constantes de gemidos: os confrades e confradas (3) caminheiros do Lago do
Jacarey.
NOTAS
(1)
Este vocábulo não conhecíamos – nem eu, tampouco Custódio – pois o pescamos no
domingo passado, no jornalzinho da Missa, O
Domingo, quando ele foi até a mim e perguntou. Fomos saber somente depois
de consultarmos o velho “pai-dos-burros”.
(2)
Jamais conheci (de conversar) o Sr.Sombra. Essas referências são louvadas,
pois, em depoimentos dos caminhantes e no que ouvia das
discussões que eles travavam à minha frente, antes de nos apresentar
pessoalmente, por intermédio do industrial Sr. Francisco Maia, paraibano de
fibra e de moral, alimentador diuturno dos patos e marrecas do Lago que nos
recebe todos os dias, como o é, também, o meu parente Sr.Mesquita.
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