POLÍCIA CIVIL
Cândido
Albuquerque*
Impressiona,
a qualquer estudioso, a maneira quase primária como os governos dos estados brasileiros,
nos últimos anos, erram no quesito segurança pública. Os exemplos de como o
problema da segurança pública pode ser minorado são muitos, e por todos conhecidos.
Ainda assim, no Brasil, insiste-se no erro, e a população brasileira continua
pagando a conta.
O
erro, como parece óbvio, resulta da insistência em eleger a Polícia Militar
como principal vetor de combate ao crime. No Ceará, há oito anos, elegeu-se o
Ronda do Quarteirão. Agora, pelo que se tem ouvido, o Batalhão Raio, também da
Polícia Militar, será o ungido.
O
erro é de fácil constatação: a Polícia Militar não é dotada de capacidade nem
de competência para investigar. Assim, a sua ação fica limitada à inibição de
alguns crimes pela presença ostensiva nas ruas, e à realização de eventuais
prisões em flagrante, para autuação pela Polícia Civil, o que não representa
sequer 1% do combate aos crimes praticados na nossa cidade.
Esse
cenário, criado e mantido pelas autoridades do Ceará, parece que será reeditado
pelo próximo Governador, independentemente de quem seja o eleito. E o mais
grave: a sociedade não está discutindo o tema.
Na
verdade, ao que parece, sem uma ação efetiva e competente da Polícia Civil, que
é a Polícia que investiga e que, portanto, incomoda o criminoso, tornando a sua
vida um tormento e coletando provas para fundamentar as condenações judiciais,
não se faz segurança pública. No Ceará, de fato, a Polícia Civil, até pelo contingente
inexpressivo, e também pelo mau gerenciamento e péssimas condições de trabalho,
representa uma carta de alforria para os
assaltantes, hoje nosso maior temor. Com efeito, livrado o flagrante, o que quase sempre ocorre, basta ao ladrão, após meia hora, mudar de bairro ou de esquina e assim ficar livre para cometer novos crimes impunemente. Essa realidade precisa mudar.
assaltantes, hoje nosso maior temor. Com efeito, livrado o flagrante, o que quase sempre ocorre, basta ao ladrão, após meia hora, mudar de bairro ou de esquina e assim ficar livre para cometer novos crimes impunemente. Essa realidade precisa mudar.
Não
se deseja negar a importância da Polícia Militar – uma invenção brasileira,
diga-se – mas, sim, combater o erro antigo e inaceitável da falta de priorização
da reestruturação da Polícia Civil, como unidade responsável pelas
investigações e, portanto, pela coleta das provas que permitirão
o julgamento, pelas vias legais. Com efeito, em todos os países do mundo o
combate à violência urbana se deu com a atuação da Polícia Cívil (Polícia
Judiciária). Foi assim nos Estados Unidos, França, Argentina etc.
Nossa
Polícia Civil, há muito abandonada, necessita de imediato aumento do seu
contingente e de um gerenciamento inteligente, até porque não é suficiente que
se construam prédios suntuosos. E mais,
precisa-se, com urgência, implantar um
sistema de controle administrativo, ainda que interno, de modo que se saiba o
que cada delegacia tem realizado mensalmente, com o que se impedirá que investigações
sejam abandonadas, estabelecendo-se assim o indispensável controle de
produtividade.
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