terça-feira, 23 de setembro de 2014

ARTIGO (RV)


O BLOG DO ROBERTO 
NOS FAZ FALTA
Reginaldo Vasconcelos*


Roberto Moreira, Titular da Cadeira de nº 31 da ACLJ, é um dos mais destacados jornalistas cearenses, há muitos anos um dos diretores da TV Diário, do Sistema Verdes Mares de Comunicação.

Mantinha Roberto Moreira um prestigioso blog pessoal, dentro do portal internético do complexo jornalístico do Grupo Edson Queiroz, sítio virtual de alta credibilidade, com milhares de acessos diários.

O referido Blog foi de repente suprimido do Portal Verdes Mares, desde ontem (22/09), e as redes sociais da Internet informam que a causa do sumiço desse noticioso teria sido autocensura do sistema de emissoras que o hospedava em seu domínio digital.

O programa Da Hora, da TV União, apresentado ao meio dia pelos advogados e comunicadores Alfredo Marques e Freitas Júnior, nossos confrades, fez hoje um veemente protesto contra a medida restritiva, em manifesto público de desagravo ao jornalista Roberto Moreira.

A causa da súbita despaginação do Blog do Roberto Moreira teria sido uma notícia que ele deu sobre um hipotético bate-boca ocorrido entre Ciro Gomes, Secretário da Saúde do Estado, e Camilo Santana, candidato a governador pela coligação de que fazem parte os políticos da família Ferreira Gomes.

Roberto teria suprimido a informação posteriormente, dizendo ter sido ela negada pela assessoria do Governador, que lidera o grupo político a que pertencem os supostos contendores. Mas isso não teria adiantado. Assim mesmo, o Blog foi em seguida “retirado do ar”  como se diz popularmente.

Ora, eis um exemplo de que a liberdade de imprensa é sempre relativa, em relação ao jornalista. É uma prerrogativa absoluta da empresa-veículo, que designa uma determinada linha editorial, determinando o que deve ser divulgado, e, principalmente, o que não pode sê-lo, e pune o noticiarista que se afastar desses parâmetros.

Já dizia a minha avó, “quem o alheio veste, na rua o despe”. Então, quem quiser ser independente, jornalista ou não, não pode se vincular por um contrato de trabalho. É claro que a boa ética recomenda que a área de jornalismo das empresas de comunicação tenha inteira independência dos seus demais departamentos, bem como das conveniências políticas da administração superior. Mas, é claro, essa situação idealizada é absolutamente ficcional,  e só pode ser situada no território da utopia.

Lamento profundamente o fato, e me solidarizo ao Roberto Moreira, mas, ao contrário do que fizeram os colegas Alfredo Marques e Freitas Júnior em seu programa  não resta dúvida  com a maior hombridade e a melhor das intenções, entretanto entendo não se poder protestar, nem conclamar à OAB que se insurja contra a medida da empresa que calou o seu jornalista.

Isso porque aqui não houve um ato de agente público contra o direito de expressão, como aconteceu no caso da recente ação judicial do Governador do Ceará contra uma revista, e a decisão de uma magistrada, que representa o Estado Juiz, proibindo a sua circulação.

Em última análise, o que temos no caso presente é medida de índole privada, entre o patrão e um empregado. Resta-me torcer para que o Roberto Moreira continue na empresa, somando o bom conceito corporativo desta ao prestígio jornalístico dele, nutrindo eu ainda a esperança de que o Sistema Verdes Mares reflua da decisão e restitua ao Roberto Moreira o antigo espaço no portal. 


*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ

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