CHAME O LADRÃO
Reginaldo Vasconcelos*
Chico Buarque de Holanda, lá
pelos anos 60, para significar que o Poder Público de então era mais corrompido
e menos confiável que a marginália nacional, compôs a música “Acorda Amor”, em
cuja letra o cidadão que percebe movimentos suspeitos no rol do edifício, alta
madrugada, manda que a mulher chame o ladrão, ao invés de recomendar que chame
a polícia, como seria de esperar.
A crítica da época
era contra o Regime Militar, que usava todo o aparato de segurança pública para
mandar prender em casa os suspeitos de “subversão”, mesmo na calada da noite,
sem mandado judicial, muitas vezes sumindo com os presos para sempre, o que fazia
o marginal comum parecer um justo antagonista da polícia, na metáfora do autor.
Novamente se torna
cabível a ilação crítica de que as gangues organizadas que infestam o submundo do
Brasil atualmente, com parte dos integrantes presa, parte deles solta pelas
ruas, praticando tráfico e sequestros, são apenas versões mambembes das
quadrilhas desarmadas que frequentam os palácios de Brasília e que comandam a
máquina pública brasileira.
Os membros desta
malta, que ostentando gravatas e disparando canetadas, traficam
prestígio e sequestram verbas públicas, também estão em parte presa
atualmente, outra parte atuando na política e mentindo na campanha eleitoral.
No início da década de 60 – eu tinha em torno de cinco anos
de idade – os rapazes de esquerda da vizinhança me ensinavam a bradar a palavra
de ordem do momento, popularizada por Getúlio Vargas na campanha pela criação da Petrobrás,
a mesma que eles pichavam nas paredes contra o imperialismo americano: “O
PETRÓLEO É NOSSO!”.
Agora
a esquerda no poder se alia ao que há de pior nas ditas “forças do atraso”, por
ela mesma assim chamadas, para saquear o Brasil utilizando a Petrobrás, que
entre outras manobras ruinosas comprou refinarias sucateadas a peso de ouro,
inclusive a americanos – conforme inquéritos parlamentares e policiais federais
que já resultaram em prisões e em pedido de delação premiada.
Pobre país tropical,
que carnavaliza e acanalha as suas instituições mais importantes – e em que grande parte dos políticos,
polarizados em esquerda e direita, de ambos os lados, nada mais são do que
beneficiários de si mesmos e nada mais fazem do que defender seus interesses.
Pobre povo brasileiro, que sofre índices elevados de insegurança nas ruas, com a bandidagem desvairada e impune atacando o seu patrimônio e ameaçando a sua vida, enquanto políticos no poder dão o pior exemplo aos marginais, pois muitos se revelam criminosos de colarinho branco que roubam o erário e conspurcam a consciência das pessoas.
Pobre povo brasileiro, que sofre índices elevados de insegurança nas ruas, com a bandidagem desvairada e impune atacando o seu patrimônio e ameaçando a sua vida, enquanto políticos no poder dão o pior exemplo aos marginais, pois muitos se revelam criminosos de colarinho branco que roubam o erário e conspurcam a consciência das pessoas.
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular
da Cadeira de nº 20 da ACLJ
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