sábado, 27 de setembro de 2014

ARTIGO (RMR)

O GÊNIO E O CAOS
Rui Martinho Rodrigues*

“Só os estúpidos se organizam. Os gênios controlam o caos”.
(Albert Einstein Y1879 †1955)


Eu não sei bem o que seja um gênio, mas certamente não é uma coisa homogênea. Creio que se pode falar em diferentes tipos de gênios, analogamente às inteligências múltiplas. Deve haver uma genialidade que se desenvolve, se expressa e fertiliza em meio às organizações sociais, pois grandes centros de pesquisa são organizações, e alguns desses institutos são muito produtivos.

Mas certamente haverá um tipo de gênio avesso ao comportamento de manada – sempre presente nas organizações – que se desenvolve no vácuo deixado pela falta de conexões, por não ter as respostas dadas pelas organizações, por não se sujeitar aos seus controles.

Existem organizações e organizações. Algumas podem ser esterilizantes. Outras podem favorecer ao desenvolvimento dos gênios ou talentos, que, conforme a teoria que se adote, podem ser coisas diferentes.

Levando a exclusão ao extremo, eu diria não pode haver genialidade solipsista. Ninguém começa nada do zero. A convivência, o debate e a cooperação fertilizam o pensamento e estimulam a criatividade. Sempre nos apoiamos nas descobertas e contribuições de alguém, sempre nos apoiamos em alguém. O choque de ideias favorece a criatividade.

Sem levar ao extremo, afastar-se da manada libera a originalidade. O comportamento de grupo tende a ser medíocre, tanto quanto o isolamento extremado. A identificação com grupos limita a divergência, o que limita a criatividade. Nenhum dos autores das grandes revoluções científicas da história, como, por exemplo, Galileu Galilei, teria feito o que fez se não fosse um sujeito do contra, franco atirador, lobo solitário.


*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10

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