sexta-feira, 5 de setembro de 2014

CARTA (WI)

PARECE QUE FOI ONTEM
Wilson Ibiapina*



Nesta semana, a TV Globo comunicou a saída de uma de suas principais profissionais. Após 48 anos dedicados ao telejornalismo, Alice-Maria  Mensagem decidiu deixar a emissora para se aposentar. Antes da decisão, Alice ocupava o posto de diretora de desenvolvimento de programas especiais, desde julho de 2009.

A carreira da profissional está diretamente ligada à história do telejornalismo brasileiro. Alice chegou à TV Globo em 1966, como estagiária, no primeiro ano de fundação da empresa. Entre suas realizações estão o comando da área de jornalismo da emissora por duas décadas, a criação do Jornal Nacional e a implantação da GloboNews. A executiva também é a primeira mulher a ocupar um cargo de direção na Central Globo de Jornalismo.


Alice, parece que foi ontem. Você, Humberto Vieira, Sílvio Júlio e Amaury Monteiro comandando a reportagem, todos fazendo a primeira edição do Jornal Nacional. 

Oito horas da noite, Cid Moreira e Hilton Gomes. Alfredo Marsillac na mesa de corte. Um trecho da música The Fuzz, de Frank de Vol, invade os lares. Pela primeira vez, estava entrando no ar o Jornal Nacional. Primeiro de setembro de 1969, uma segunda-feira.

O Marsillac ainda deve ter guardado o script do primeiro JN, que o Armando deu-lhe de presente com o bilhete: “Marsillac... e o Boeing decolou”. O jornal entrando no ar, na cabeça do Armando Nogueira, é que nem um Boeing levantando vôo. Não pode ter erro. 

Quando cheguei em 1970, o JN ainda uma criança e todos com a preocupação de mantê-lo com qualidade, num formato que aos poucos foi se definindo. O Telejornalismo brasileiro era outro depois daquele dia. E você foi peça preciosa nessa mudança.

Não esqueço de sua preocupação, orientando editores, repórteres, cinegrafistas. Em tudo tinha seu dedo. A equipe foi crescendo: Sebastião Néri, Castilho, Nilson Viana, Jéferson, Meg, Ronan, Luis Edgar de Andrade, Vera Ferreira, Lucia Abreu, Edinete os irmãos Aníbal e Edson Ribeiro e o baiano Jotair Assad inventando coisas. Falar em criação estavam lá o Waisberg e o Mauro Richter. Eduardo Simbalista e Fábio Perez foram dois dos primeiros chefes da edição. Nas moviolas os montadores de filmes Auderi Alencar e o João Mello.

Robertinho na arte, Azul na coordenação junto com o Guará e o Assis, que imitava o Cid. Márcia Clark, Márcia Mendes, Sandra Passarinho, Glória Maria, Lêda Nagle, Márcia Prado, Andre Luiz, e os cinegrafistas Evilásio Paraense Carneiro, Ricardo Straus, Orlando Moreira e o baiano José Andrade, que depois saiu pelo Brasil formando novos cinegrafistas.

Os contínuos Morro Agudo e Bené, que o Ronan preferia chamar de "alternados", pois nunca estavam na redação quando precisavam deles. Marcos Novaes, o Sol. Pela bancada do JN passaram também Eron Dogingues, Sérgio Chapelin, Celso Freitas, Berto Filho, Carlos Campbel, Marcos Hummel. Tereza Walcacer, Henrique Lago, Ricardo Pereira, Pedro Rogério, Antônio Severo, Woile Guimarães, Eurico Andrade, Wianey Pinheiro, Ronald de Carvalho, Toninho Drummond, Carlos Henrique de Almeida Santos, Carlos Henrique Schroder, esse mesmo que hoje é o diretor geral da Rede Globo, todos grandes jornalistas que foram aprender com você a fazer televisão.

Citei alguns nomes, mas, na verdade, todos da Central Globo de Jornalismo aprenderam com você. Como a maioria, orgulho-me de ter participado de sua equipe durante 20 anos. Quando agendar uma viagem a Brasília nos avise, para que possamos juntar o pessoal da CGJ daqui para homenageá-la. Abraço forte do Wilson Ibiapina e da Edilma Neiva, seus alunos, admiradores e amigos.


*Wilson Ibiapina
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ


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