PARECE QUE FOI ONTEM
Wilson Ibiapina*
Nesta semana, a TV
Globo comunicou a saída de uma de suas principais profissionais. Após 48 anos
dedicados ao telejornalismo, Alice-Maria Mensagem decidiu deixar a emissora para se
aposentar. Antes da decisão, Alice ocupava o posto de diretora de
desenvolvimento de programas especiais, desde julho de 2009.
A carreira da
profissional está diretamente ligada à história do telejornalismo brasileiro.
Alice chegou à TV Globo em 1966, como estagiária, no primeiro ano de fundação
da empresa. Entre suas realizações estão o comando da área de jornalismo da
emissora por duas décadas, a criação do Jornal Nacional e a implantação da
GloboNews. A executiva também é a primeira mulher a ocupar um cargo de direção
na Central Globo de Jornalismo.
Alice, parece que foi
ontem. Você, Humberto Vieira, Sílvio Júlio e Amaury Monteiro comandando a
reportagem, todos fazendo a primeira edição do Jornal Nacional.
Oito horas da
noite, Cid Moreira e Hilton Gomes. Alfredo Marsillac na mesa de corte. Um
trecho da música The Fuzz, de Frank de Vol, invade os lares. Pela primeira vez,
estava entrando no ar o Jornal Nacional. Primeiro de setembro de 1969, uma
segunda-feira.
O Marsillac ainda deve
ter guardado o script do primeiro JN, que o Armando deu-lhe de presente com o
bilhete: “Marsillac... e o Boeing decolou”. O jornal entrando no ar, na cabeça
do Armando Nogueira, é que nem um Boeing levantando vôo. Não pode ter erro.
Quando cheguei em 1970, o JN ainda uma criança e todos com a preocupação de
mantê-lo com qualidade, num formato que aos poucos foi se definindo. O
Telejornalismo brasileiro era outro depois daquele dia. E você foi peça
preciosa nessa mudança.
Não esqueço de sua
preocupação, orientando editores, repórteres, cinegrafistas. Em tudo tinha seu
dedo. A equipe foi crescendo: Sebastião Néri, Castilho, Nilson Viana, Jéferson,
Meg, Ronan, Luis Edgar de Andrade, Vera
Ferreira, Lucia Abreu, Edinete os irmãos Aníbal e Edson Ribeiro e o baiano
Jotair Assad inventando coisas. Falar em criação estavam lá o Waisberg e o Mauro
Richter. Eduardo Simbalista e Fábio Perez foram dois dos primeiros chefes da
edição. Nas moviolas os montadores de filmes Auderi Alencar e o João Mello.
Robertinho na arte,
Azul na coordenação junto com o Guará e o Assis, que imitava o Cid. Márcia Clark,
Márcia Mendes, Sandra Passarinho, Glória Maria, Lêda Nagle, Márcia Prado, Andre
Luiz, e os cinegrafistas Evilásio Paraense Carneiro, Ricardo Straus, Orlando
Moreira e o baiano José Andrade, que depois saiu pelo Brasil formando novos
cinegrafistas.
Os contínuos Morro
Agudo e Bené, que o Ronan preferia chamar de "alternados", pois nunca
estavam na redação quando precisavam deles. Marcos Novaes, o Sol. Pela bancada
do JN passaram também Eron Dogingues, Sérgio Chapelin, Celso Freitas, Berto
Filho, Carlos Campbel, Marcos Hummel. Tereza Walcacer, Henrique Lago, Ricardo
Pereira, Pedro Rogério, Antônio Severo, Woile Guimarães, Eurico Andrade, Wianey
Pinheiro, Ronald de Carvalho, Toninho Drummond, Carlos Henrique de Almeida
Santos, Carlos Henrique Schroder, esse mesmo que hoje é o diretor geral da Rede
Globo, todos grandes jornalistas que foram aprender com você a fazer televisão.
Citei alguns nomes,
mas, na verdade, todos da Central Globo de Jornalismo aprenderam com você. Como
a maioria, orgulho-me de ter participado de sua equipe durante 20 anos. Quando
agendar uma viagem a Brasília nos avise, para que possamos juntar o pessoal da
CGJ daqui para homenageá-la. Abraço forte do Wilson Ibiapina e da Edilma Neiva,
seus alunos, admiradores e amigos.
*Wilson Ibiapina
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ
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