quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

NOTA FÚNEBRE


Morreu neste dia 22 de dezembro em Fortaleza, aos 89 anos, o jornalista e cantor cearense João Guilherme da Silva Neto, ou simplesmente o Velho Guiba, para os amigos, Patrono Perpétuo da Cadeira de nº 25 da ACLJ, cujo titular fundador é o advogado José Lindival de Freiras Júnior.

Guilherme Neto foi procurado há quatro anos para integrar o grupo inaugural da ACLJ, mas então se constatou que uma doença senil lhe suprimira a memória inteiramente, incapacitando-o de tomar posse como Acadêmico Titular.

Assim, Guilherme foi um dos dois únicos jornalistas cearenses a integrar ainda em vida o rol dos nossos Patronos Perpétuos, sendo o último deles a falecer, tendo sido Armando Vasconcelos, acometido de enfermidade semelhante,  o primeiro dos dois a nos deixar, em 2011.

Desde os anos 40, e por mais de seis décadas, Guilherme exerceu as mais diversas funções em rádio, televisão, jornal e publicidade, tendo se notabilizado entre os grandes cronistas cearenses, gênero da literatura ligeira e jornalística em que brilharam os conterrâneos José Martiniano de Alencar (1829-1877), Carlos Cavalcante, de pseudônimo Caio Cid (1904-1972), Ciro Colares da Penha (1923-2002) e o médico Airton Monte (1949-2012).  

Guilherme começou como cantor na antiga emissora de rádio PRE-9, tornando-se ídolo em programas de auditório, nos quais lançou repertórios dos compositores locais Lauro Maia, Mozart Brandão, Aliardo Freitas e Luís Assunção.
 
Na década de 1950, depois de uma passagem como assistente de direção da Rádio Tamandaré, de Recife, voltou a Fortaleza para dirigir a Ceará Rádio Clube, tarefa que lhe foi confiada pela direção dos Diários e Emissoras Associados do Brasil, empresa à época comandada por Almeida Castro, João Calmon e Paulo Cabral de Araújo, em nome do empreendedor Assis Chateaubriand.

No período compreendido entre 1954 e 1960, na pioneira emissora PRE-9, fez-se autor de inúmeros textos do radioteatro. Em novembro de 1960, surgiu a Televisão no Estado do Ceará e Guilherme Neto foi escolhido para dirigir a equipe de implantação do novo veículo de comunicação: a TV Ceará Canal 2.

No final da década 60 – depois que o sistema de rede nacional de TV, por intermédio do vídeo-tape, concentrou no Rio e em São Paulo os centros de produção de televisão – Guilherme Neto tornou-se editor e diretor comercial, respectivamente, dos jornais Unitário e Correio do Ceará.

No início da década de 70 Guilherme Neto voltou  à direção da TV Ceará Canal 2, e a sua gestão foi marcada por três acontecimentos históricos para a televisão cearense: a implantação do sistema de transmissão em cores, a edição do primeiro telejornal vespertino e a realização de dois programas de variedades na TV, apresentados por Gonzaga Vasconcelos e Augusto Borges, em que foram lançados em âmbito local os integrantes do "Pessoal do Ceará" - Belchior, Fagner, Ednardo, Rodger Rogério. 
 
Em 1974 surgiu a Televisão Educativa Canal 5 e, outra vez, Guilherme Neto foi convocado para coordenar artisticamente mais uma emissora.

Na década 80 – quando a Universidade Federal do Ceará decidiu criar a Rádio Universitária – novamente Guilherme Neto, assumindo a direção artística da então nova emissora FM, integrou-se à equipe fundadora.  

Guilherme Neto era tio e mentor do grande jornalista, poeta, radialista, ator, dramaturgo, apresentador de TV e professor de teatro Ricardo Guilherme, membro da ACLJ. 

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