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Reginaldo Vasconcelos*
Costuma-se dizer, com
muita propriedade, que o melhor da festa é o comentário. Os que promovem um
evento, bem como os grupos de convidados que dele participem, geralmente se
deliciam no outro dia em comentar os sucessos da festa, que vão desde as falhas
do cerimonial até a ousadia estilística do vestido de uma determinada convidada,
o tropeço desastroso de um garçom, o excesso de um conviva que bebeu demais e
resolveu dançar o frevo.
Não há nenhum grande
folguedo, por mais bem organizado e regular, que não ofereça ao dia seguinte
detalhes burlescos reveladores da falibilidade humana – e é nessa gama de
grandes acertos e de pequenos desacertos que reside o encanto das reuniões da
sociedade, hoje tão explorados nas redes sociais da Internet.
É voz geral que a 2ª
Assembleia Ordinária da ACLJ, ocorrida na última sexta-feira (05/12/14), na
sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC, teria sido a mais
agradável, dentre todas as outras promovidas até hoje pelo silogeu, nestes
últimos quatro anos, em virtude da boa organização, da beleza dos discursos
proferidos, da simpatia da instituição anfitriã e dos que foram alvo de homenagens.
Nessa mesma
solenidade tomou posse na dignidade de Membro Benemérito o empresário Beto
Studart, o qual, uma vez empossado, promoveu a investidura do executivo Geraldo de Lima Gadelha Filho, Superintendente do Grupo Pague Menos, Membro Honorário da entidade. E
houve ainda a outorga da Medalha Governador Parsifal Barroso ao jornalista
Lúcio Brasileiro, nos seus 60 anos de jornalismo, saudado pelo acadêmico Fernando César Mesquita, além do descerramento do
retrato pictórico do paraninfo da comenda, pelo seu neto, Igor Queiroz Barroso.
Tudo correu sobre
rodízios, muito bem azeitados, mercê da atuação impecável da Diretoria de
Eventos da FIEC, e do eficiente roteiro cerimonial elaborado pela equipe de
acadêmicos que organizou a solenidade, de modo que todas as pequenas falhas
ficaram quase imperceptíveis.
Mas o cerimonial da
ACLJ se excedeu ao cobrir as 50 poltronas frontais do auditório com a capa
identificadora dos assentos de acadêmicos, o que provocou uma hesitação inicial
do público presente, retido no fundo da sala, somente ocupando os locais mais à
frente por convocação do cerimonialista. Ora, a ACLJ tem apenas 40 acadêmicos
titulares, dos quais somente a metade comparece aos seus eventos, por motivos
compreensíveis.
Grande parte dos
acadêmicos, naturalmente, é constituída de pessoas idosas, que nem sempre têm
disposição física para eventos noite adentro, cuja ausência se soma à dos que estejam
participando, no mesmo horário, de solenidades importantes em outros pontos da Cidade,
em que muitas vezes têm presença imprescindível.
Ainda entre os
imprevistos ocorridos, a dificuldade de exibir as imagens ilustrativas no telão, por trás da mesa de honra, tendo em vista a incidência da luz do projetor
sobre os rostos dos que na mesa se assentavam. Graças à habilidade do operador
de luz e som do auditório as imagens foram sendo dosadas, de modo a não
incomodar os protagonistas da efeméride.
O acadêmico Fernando
Dantas, tradicional MC da Academia, não identificou um erro gráfico no texto
que lia, e ao chamar um dos convidados à mesa de honra lhe trocou o sobrenome,
o que foi imediatamente corrigido, mas não sem provocar um pequeno frisson
naqueles cujos tímpanos doeram com o engano – mal nominada pessoa tão notória e
ilustre e tão querida dos presentes, que sendo muito educada relevou o nosso
tropeço.
Por sinal, o
empresário Igor Queiroz Barroso, Diretor do Grupo Edson Queiroz, convidado a
fazer a entrega da Medalha Governador Parsifal Barroso ao jornalista Lúcio Brasileiro, e a
descerrar o retrato do avô para a galeria dos Patronos Perpétuos, esbanjou simpatia – embora não seja pessoa de risos fáceis, ao contrário da esposa Aline, sempre muito sorridente.
Aliás, o empresário Igor Queiroz Barroso protestou discretamente junto à organização da festa por não ter sido ela
realizada no prédio da Associação Cearense de Imprensa (ACI), conforme a
tradição, pois considera ele aquele seja o cenário ideal para os eventos
acadêmicos, tendo em vista o caráter histórico do edifício – opinião que denota a sensibilidade cultural do jovem empresário, em defesa da memória da Cidade.
Enquanto lhe
tentávamos explicar as razões da excepcionalidade do caso, ele refutava todos os nossos argumentos
em silêncio, bem humorado, voltando os olhos para o teto. Até que lhe
garantíssemos que nas próximas solenidades voltaremos à ACI. Também protestou o
Dr. Igor por termos creditado a viabilização do retrato do avô paterno ao grupo
empresarial de que é Diretor, pois que foi de fato iniciativa pessoal sua esse apoio
cultural.
O Dr. Lúcio Alcântara,
por seu turno, ao proferir um belíssimo discurso de saudação ao novo Benemérito
Beto Studart, interrompeu a sua brilhante fala para reordenar os papeis, que
acidentalmente misturara. Não perdeu a fleuma, reorganizou as laudas calmamente, e deu
sequência à sua magnífica elocução.
Mas o ponto alto de
todo o evento coube ao Senador Cid Carvalho. Na oportunidade de declarar
aberta a solenidade, na condição de Presidente de Honra da ACLJ, ao lado do Presidente Executivo Rui Martinho Rodrigues, que ao final declararia o seu encerramento, Cid aproveitou e
fez um de seus brilhantes improvisos, intenso, mas sintético.
Cid falou de Beto, de
Lúcio, de Parsifal, comovendo a plateia com a sua melhor reminiscência sobre
este grande cearense e seu próprio pai, Jader de Carvalho, antagonistas na
política, mas amigos – que ao final de sua história se abraçaram. E ao concluir sua canora preleção, registrou que falara de “inxerido” que é, já que lhe
competia apenas declarar que a sessão estava aberta – então provocando risadas.
Terminado o evento,
entre as pessoas que embarcaram com Cid Carvalho no elevador para subir ao
terraço onde ocorreria o coquetel, estava o acadêmico Alfredo Marques, que participa
de um programa verrinário na TV, em que faz denúncias acerbas e desanca os desafetos.
Dr. Cid então lhe
perguntou: “Você, Alfredo? Será que a sua língua cabe
nesse elevador?”. Todos riram, considerando a ironia de que o
próprio Cid, em seu programa de rádio, também não tem papas na língua. A propósito, a piada que circulou
no coquetel foi que o Senador Cid, naquela solenidade, “falou bem com sempre, mas
falou pouco como nunca”.
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