OS DOZE BOIS
(VERSÃO EM CORDEL)
Por Henrique César Pinheiro
Bastante
debilitado
E já à
beira da morte
Pra não
depender dos outros
Entregue à
própria sorte
Um grande
senhor, idoso,
Resolveu
fazer aporte.
Pra fazer
seu mausoléu
Chamou
toda a família
E fez seu
testamento
Deu casa,
terras, mobílias.
De fora
ficaram uns bois
E um pé de
buganvília.
Assim que
o velho morreu
Começou a
confusão.
Como eram
várias filhas
E somente
um varão
Este
juntou logo os bois
À parte do
seu quinhão.
E aos pés
do morto disse
Que faria
um mausoléu .
Mas o
tempo foi passando
Cova foi
pro beleléu.
E o
dinheiro dos bois
Ficou com
filho, incréu.
Foi
enterrada com seu bem
Numa cova
muito simples,
Uma
ama-seca também
E com
factótum da casa,
Que há
muito foi pro além.
A tumba
muito pomposa,
Desejo de
um moribundo,
Acabou.
Com bois do morto
O filho
levantou fundos.
Aumentou
bem seu quinhão.
Tornou-se
rico e fecundo.
Mas o
tempo foi passando
Sem a
promessa cumprida.
Filho e
irmãs se casaram
Família
ficou sortida.
O filho só
teve filhas,
Que não
eram margaridas:
Valentes e
bem zoadentas,
De
parentesco ofídico.
O filho
também feneceu.
E de modo
muito acídico
Filhas
disseram à dona
Do
tal túmulo fatídico.
Agora
vamos construir
O túmulo
prometido.
Mas para
que seja feito,
Terão que
ser removidos
Os restos
da ama-seca
E dum
negro enxerido.
Do outro
lado porém,
Havia
grande advogada
E prima
das jararacas,
Que não se
fez de rogada,
E mandou
dizer às primas
Que
era bem educada,
Também nas
suas veias havia
O sangue
de jararaca.
Se tivesse
confusão
Ela metia
o pé na jaca
Da cova as
pessoas queridas
Não seriam
retiradas.
E a mancha
do pai de vocês
Nunca será
retirada.
Túmulo
farei num mês.
Pra fazer
isso não vendo
Uma
galinha pedrês.
Mancha
pelos doze bois
Será pra
sempre guardada,
Na
lembrança da família:
Do velho à
garotada.
Quem
roubou os bois do pai
Não é
digna nem honrada.
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