QUEM TEM MEDO DA VERDADE?
Reginaldo Vasconcelos*
O Brasil tornou-se república por meio de um golpe militar, sem nenhuma
consulta ou participação popular, portanto sem a aplicação dos preceitos
democráticos.
O povo amava o seu Imperador, e o País tinha mais importância
política e econômica no concerto das nações do que tem hoje – e tinha um plano para a inserção dos ex-escravos na vida profissional e na sociedade.
Muito se diz sobre as causas da chamada “Proclamação da República”, mas
duas razões são incontestes: a) a insatisfação das
elites políticas e econômicas de então pela recente abolição dos escravos,
feita pela monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil; b) a visão progressista da Maçonaria, que entendia seria um grande
avanço evolutivo dotar o país com o mesmo regime político e a forma de governo adotados
dos Estados Unidos da América, imitando a Grécia Antiga.
Para os Estados Unidos da América, que nunca foram uma monarquia, o sistema
funcionou. Para o Brasil, a república tem sido um fracasso absoluto. Foi com
ela que nos tornamos integrantes do “Terceiro Mundo”, quando antes pertencíamos
ao “Novo Continente”.
Foi com ela que conhecemos a condição de “subdesenvolvidos” e de “emergentes”.
Foi com ela que esmagamos Canudos, que abandonamos os nordestinos na floresta, que promovemos a favelização, que quase nos
tornamos uma grande Ilha de Cuba, e que por fim vivemos os odientos “anos de
chumbo”. E é com a república que estamos entre as mais violentas e corruptas sociedades
do Planeta.
São monarquias parlamentaristas ainda hoje o Japão, a Holanda, a
Inglaterra, a Noruega, a Dinamarca, a Suécia, a Espanha, o Vaticano, dentre
outras. Note-se que entre elas estão as mais evoluídas e pacíficas nações.
Sim, houve um plebiscito em que a máquina do governo funcionou para esmagar a tese que lhe era adversa com vigorosa propaganda, e o povo, sem conhecimento de causa, se deixou mais uma vez engabelar. No Brasil, o Presidente da República brinca de rei por até oito anos, com poder quase absoluto, sem nenhum compromisso moral com o futuro da nação.
Aliás, durante a campanha do plebiscito, um negro brasileiro de alto prestígio emprestou a sua grande credibilidade popular para defender o presidencialismo, abonando a tese dos que se revoltaram no passado contra o fim da escravatura de seu povo. Quem tem medo da verdade?
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