terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ARTIGO (RV)

QUEM TEM MEDO DA VERDADE?
Reginaldo Vasconcelos*

O Brasil tornou-se república por meio de um golpe militar, sem nenhuma consulta ou participação popular, portanto sem a aplicação dos preceitos democráticos.

O povo amava o seu Imperador, e o País tinha mais importância política e econômica no concerto das nações do que tem hoje  e tinha um plano para a inserção dos ex-escravos na vida profissional e na sociedade.

Muito se diz sobre as causas da chamada “Proclamação da República”, mas duas razões são incontestes: a) a insatisfação das elites políticas e econômicas de então pela recente abolição dos escravos, feita pela monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil; b) a visão progressista da Maçonaria, que entendia seria um grande avanço evolutivo dotar o país com o mesmo regime político e a forma de governo adotados dos Estados Unidos da América, imitando a Grécia Antiga.

Para os Estados Unidos da América, que nunca foram uma monarquia, o sistema funcionou. Para o Brasil, a república tem sido um fracasso absoluto. Foi com ela que nos tornamos integrantes do “Terceiro Mundo”, quando antes pertencíamos ao “Novo Continente”.

Foi com ela que conhecemos a condição de “subdesenvolvidos” e de “emergentes”. Foi com ela que esmagamos Canudos, que abandonamos os nordestinos na floresta, que promovemos a favelização, que quase nos tornamos uma grande Ilha de Cuba, e que por fim vivemos os odientos “anos de chumbo”. E é com a república que estamos entre as mais violentas e corruptas sociedades do Planeta.

São monarquias parlamentaristas ainda hoje o Japão, a Holanda, a Inglaterra, a Noruega, a Dinamarca, a Suécia, a Espanha, o Vaticano, dentre outras. Note-se que entre elas estão as mais evoluídas e pacíficas nações.

Sim, houve um plebiscito em que a máquina do governo funcionou para esmagar a tese que lhe era adversa com vigorosa propaganda, e o povo, sem conhecimento de causa, se deixou mais uma vez engabelar. No Brasil, o Presidente da República brinca de rei por até oito anos, com poder quase absoluto, sem nenhum compromisso moral com o futuro da nação.

Aliás, durante a campanha do plebiscito, um negro brasileiro de alto prestígio emprestou a sua grande credibilidade popular para defender o presidencialismo, abonando a tese dos que se revoltaram no passado contra o fim da escravatura de seu povo.  Quem tem medo da verdade?   

*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ



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