sábado, 13 de dezembro de 2014

ARTIGO (RV)

JE NE RIEN COMPRIS
Reginaldo Vasconcelos*

A fim de repercutir neste Blog entrevista do jornalista Paulo Tadeu, concedida sexta-feira última ao Programa Antenas e Rotativas, pela Rádio AM Cidade, apresentado pelo Professor Cid Carvalho, Presidente de Honra da ACLJ, resolvi cobrir o evento literário que foi o tema daquele colóquio radiofônico.

A referida sessão teve lugar no Centro de Eventos de Fortaleza, na sala nº 3 do segundo mezanino, no bojo da Bienal do Livro deste ano, às 17:00h desta sábado, dia 13 de dezembro.

Deparei com uma plêiade de notáveis das letras cearenses reunida para reverenciar uma ONG francesa, presidida por uma jornalista paulista, que distribuiu diplomas e medalhas a mancheias, todas elas sob a bandeira tricolor, ao som da Marselhesa.

Entendo que academias literárias cearenses têm compromisso primordial com a produção em português. Especialmente a literatura brasileira, mais especificamente a cearense, toda ela vazada no idioma de Camões – “a última flor do Lácio inculta e bela”.

Estranhável, portanto, que uma brasileira paulistana, naturalizada francesa, radicada na França,
sem méritos literários entre nós, seja objeto de um descabido beija-mão, por parte da intelectualidade cearense. 

Nos dois flagrantes, o Presidente da vetusta Academia Cearense de Letras, o ínclito José Augusto Bezerra, líder maior de nossa cultura, condecora, em nome da entidade francesa, os cearenses Paulo Tadeu, um dos nossos mais importantes jornalista locais, e Adelaide Flexa, uma notória monarquista, com as cores nacionais de uma emblemática república europeia. 

Não há laivos de xenofobia no meu comentário, mas antes a defesa da soberania de nossa identidade cultural. Seria perfeitamente aceitável que a intelectualidade cearense homenageasse um conterrâneo que estivesse brilhando nas letras em outras latitudes do Planeta, e até em outros idiomas, como se destacou o nosso Ricardo Guilherme, que ganhou prêmio de jornalismo na própria França, e como brilha o poeta acelejano Luciano Maia na cultura e na língua da Romênia

Também seria legítimo que um órgão oficial da cultura francesa resolvesse socializar com literatos cearenses, e vice-versa. Todavia, o que presenciei foi um esforço colonizatório oficioso da cultura francesa nesta terra de Alencar, promovido de forma excessivamente personalística e ufanosa por uma jornalista brasileira que adotou a França como sua segunda pátria. Não entendi nada.


   
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ

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