JE NE RIEN COMPRIS
Reginaldo Vasconcelos*
A fim de repercutir neste Blog entrevista do jornalista Paulo Tadeu,
concedida sexta-feira última ao Programa Antenas e Rotativas, pela Rádio AM Cidade,
apresentado pelo Professor Cid Carvalho, Presidente de Honra da ACLJ, resolvi cobrir o
evento literário que foi o tema daquele colóquio radiofônico.
A referida sessão teve lugar no Centro de Eventos de Fortaleza, na sala nº 3 do segundo mezanino, no bojo da Bienal do Livro deste ano,
às 17:00h desta sábado, dia 13 de dezembro.
Deparei com uma plêiade de notáveis das letras cearenses reunida para
reverenciar uma ONG francesa, presidida por uma jornalista paulista, que distribuiu diplomas e medalhas a mancheias, todas elas sob a bandeira tricolor, ao som da
Marselhesa.
Entendo que academias literárias cearenses têm compromisso primordial com
a produção em português. Especialmente a literatura brasileira, mais
especificamente a cearense, toda ela vazada no idioma de Camões – “a última
flor do Lácio inculta e bela”.
Estranhável, portanto, que uma brasileira paulistana, naturalizada
francesa, radicada na França,
sem méritos literários entre nós, seja objeto de um
descabido beija-mão, por parte da intelectualidade cearense.
Nos dois flagrantes, o Presidente da vetusta Academia Cearense de Letras, o ínclito José Augusto Bezerra, líder maior de nossa cultura, condecora, em nome da entidade francesa, os cearenses Paulo Tadeu, um dos nossos mais
importantes jornalista locais, e Adelaide Flexa, uma notória monarquista, com
as cores nacionais de uma emblemática república europeia.
Não há laivos de xenofobia no meu comentário, mas antes a defesa da soberania de nossa identidade cultural. Seria perfeitamente aceitável que a intelectualidade
cearense homenageasse um conterrâneo que estivesse brilhando nas letras em outras
latitudes do Planeta, e até em outros idiomas, como se destacou o nosso Ricardo Guilherme, que ganhou prêmio de jornalismo na própria França, e como brilha o poeta acelejano
Luciano Maia na cultura e na língua da Romênia.
Também seria legítimo que um órgão oficial da cultura francesa resolvesse
socializar com literatos cearenses, e vice-versa. Todavia, o que presenciei foi um esforço colonizatório
oficioso da cultura francesa nesta terra de Alencar, promovido de forma excessivamente personalística e ufanosa por uma jornalista brasileira que adotou a França como sua segunda pátria. Não entendi nada.
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
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