A
ISLAMIZAÇÃO DA EUROPA
Rui
Martinho Rodrigues*
O Estado Islâmico conta em suas fileiras com um enorme
contingente de europeus natos. Os recentes atos de terrorismo praticados na
Europa foram protagonizados por eles. Temos dez mil conversões por ano ao islã
no Reino Unido. Convertidos se voltam contra o próprio país e aceitam um código
de conduta altamente restritivo.
Isso acontece em sociedades secularizadas, nas quais as
liberdades individuais alcançaram um desenvolvimento sem precedentes. O Estado
Provedor assegura condições à satisfação das necessidades básicas e proporciona
conforto.
Tais sociedades desenvolveram uma cultura laica, na esteira
do processo de laicização iniciado pela Revolução Francesa, sob a influência do
iluminismo. Os convertidos jogam no lixo conforto material, liberdades
individuais e os encantos das sociedades libertárias e hedonistas.
Não é preciso dizer que os convertidos ao islã,
principalmente aqueles que se apresentam voluntariamente para combater na
guerra santa, deixam as suas famílias, porque esta instituição se encontra
moribunda no ocidente.
Os convertidos renunciam a cultura laica e às liberdades
individuais, trocando-as pelas rígidas limitações do islã, que exige das
mulheres cobrir todo o corpo, como exige de todos conduta abstemia em
sociedades alcoólicas e drogaditas.
É pouco? Tem mais: alguns dos convertidos aceitam práticas
terroristas violentíssimas e apresentam-se voluntariamente para uma guerra das
mais cruéis, cujos riscos superam os perigos dos últimos conflitos travados
pelos países ocidentais. É muito mais perigoso combater na Síria, nas fileiras
do Estado Islâmico, do que foi no Iraque e no Afeganistão, nas fileiras
ocidentais; ou em qualquer dos lados nas ilhas Malvinas.
Na Síria a sorte dos prisioneiros de guerra é outra, sem a
proteção das convenções internacionais sobre conflitos. As punições
disciplinares são muito mais rigorosas, as condições dos combates muito mais
difíceis, os serviços de saúde são mais precários, as missões podem ser mais
arriscadas e até suicidas. Tudo é desfavorável. Mas não faltam voluntários.
Liberdade, conforto, prazeres e
segurança jurídica não são suficientes nas sociedades relativistas, amorais e
hedonistas do ocidente. O moralismo dogmático, restritivo e rigoroso está se
mostrando muito mais sedutor. O que significa tudo isso? Nunca houve uma
sociedade agnóstica. A licenciosidade permissiva da decadência do Império
Romano e da decadência dos helenos, hoje instalada no ocidente, parece não
satisfazer.
A falta de limites, a falta de transcendência inserida no
individualismo radical da pós-modernidade, o relativismo das imposturas
intelectuais que invocam equivocadamente a física quântica e a física
relativista, confundindo-as com o relativismo laxista nos campos ético e
cognitivo, estão produzindo uma desorientação diante da qual o islã é
referência estável.
Os pais, os clérigos, as autoridades civis e os mais velhos
em geral foram contidos pelo discurso libertário ou praticaram suicídio moral.
Os novos gestores da moral relativista não representam referências seguras.
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