O
CONFRONTO
Vicente Alencar*
O escritor é o homem que engloba a realidade, a lenda, o extraordinário,
analisa o que já foi feito e imagina o futuro de maneira própria, de um ângulo,
muitas vezes, inatingível.
Liricamente, o poeta imagina uma "Oração a Chuva", como escreveu
Perboyre e Silva, ou transporta para o papel a Seca, como fez Mário Linhares, perigos a que se propôs ultrapassar:
Ceará. Pleno Sertão. Agosto. “Um sol de brasa/
queima impiedosamente o ventre da floresta/ o ar, pesado, asfixia. O
espaço nem uma asa/ De ave corta. A adustão flores e frutos cresta”. Tudo,
porém, muda de figura quando encontramos o escritor e o romance.
Aqueles escritos que se superam, em que os personagens crescem,
multiplicam-se, passeiam pela imaginação, não fazem perguntas, não encontram
cercas, não veem portas fechadas, e todos os caminhos são válidos, abertos,
embora longos, difíceis.
O trabalho, por ser extenuante e,
ao mesmo tempo, arrebatador e confortante, mostrando que são válidos todos os
termos, as imagens mais diferentes, sejam as condições ambíguas, ou
inatingíveis. Pouco importam ao autor os perigos a que se propôs ultrapassar,
vencer, encontrar as respostas para ser espírito criador.
Em "O Confronto" assim encontramos Cláudio Queiroz, este amigo
que nos premia com o convite para colocar nossa opinião sobre os originais que
nos envia, que nos chegam às mãos e que
muito nos deleitam, pelo convite feito, pela atenção de ter a primazia
de ser um dos primeiros leitores da obra, o que nos proporciona inusitada
satisfação.
Mas dizer, escrever, falar, mostrar em algumas linhas uma obra que se nos
apresenta como grandiosa não será necessário neste espaço da Aba, nesta "orelha",
como dizem muito.
Sim, li, gravei e armazenei na memória as muitas páginas. "O
Confronto", além de uma compilação
foi, na verdade, um exercício de memória e de criação e bem-querer do autor. As
linhas da imaginação, posso afirmar, são igualmente às paralelas. Talvez se
encontrem no infinito, que não nos é dado o direito de saber onde fica, pois,
neste mundo de mortais, de finitos, podemos até imaginar, sem no entanto
encontrar os caminhos que nos levam à porta de entrada destes segredos.
Não posso lhes contar o que vi, o que li, nestas muitas páginas de
romance. Mas, é preciso mostrar que este volume tem tudo para agradar o melhor
e o pior dos leitores.
Você, na verdade, sentir-se-á compelido a saber de tudo, como se fosse um
segredo de Estado, um registro religioso que é guardado a sete véus, decisões
fortes com aquelas tomadas na Inquisição, momentos de sublime encantamento como
na arte.
"O Confronto" nos apresenta dois grandes protagonistas e fatos
registrados ao longo de anos, que culminam com um centenário aguardado para
2060.
Cláudio Queiroz nos mostra que Os Irmãos Karamázov, do notável
Dostoievski, lhe passaram a senha para a entrada de um espetáculo rico e
detalhado, em linhas firmes, palavras escritas com arte que nos levam a Ezequiel
e Fernando, personagens que você terá prazer em conhecê-los.
Sigamos, caminhemos, "O Confronto" nos espera.
* Vicente Alencar
Jornalista, Poeta. Escritor
Presidente da União Brasileira de Trovadores - UBT Fortaleza.
Jornalista, Poeta. Escritor
Presidente da União Brasileira de Trovadores - UBT Fortaleza.
1º Vice-Presidente da ALMECE - Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará.
Secretário Geral da Academia Fortalezense de Letras
Membro da Academia Cearense da Língua Portuguesa,
da Academia Cearense de Retórica e da
Sociedade Cearense de Geografia e História
Titular da Cadeira nº 27 da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário