quarta-feira, 30 de setembro de 2015

CRÔNICA - As Caras da República (RV)

AS CARAS DA REPÚBLICA
Reginaldo Vasconcelos*


O bom, o mau e o feio” é a tradução literal do título de um filme de western italiano, que, em vez de remeter à trama da história, como era de esperar, aponta características pessoais dos personagens (De Sergio Leone Com Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach1966).

Na trama imbricada da vida pública brasileira, neste momento, poder-se-iam indicar os protagonistas por suas características próprias, notadamente a beleza e a feiura, visto que os conceitos de bondade e maldade dependem sempre do ângulo político e ideológico de quem olha.

Aliás, os bons que fundaram o partido do governo já não estão mais no partido, nem no governo – os belos Chico de Oliveira, Hélio Bicudo, Ivan Valente, Plínio Arruda, Eduardo Suplicy – entre tantos outros que vazaram para o PSOL, ou foram postos à deriva.

Outras belezuras permanecem nas hostes, como Zé Dirceu e Zé Genuíno, antigos Adônis das lutas heroicas – hoje reduzidos a ladrões do erário, traidores da Pátria, bandidos apenados – foram de galãs a vilões em 30 anos de novela – mas ainda mantidos como grandes ícones do partido que fundaram.

Beldades femininas sacaram fora mais cedo, como Heloísa Helena, Luciana Genro e Marina Silva, enquanto as que ficaram estão com a lama no pescoço – caso da elegante Ideli Salvatti e da graciosa Gleisi Hoffmann.

Marta Suplicy resistiu muito, mas também se despediu, antes de ser alcançada pela onda piroclástica da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, e nessa fuga será seguida pelo doce Paulo Pain – talvez “o último dos moicanos” a participar da debandada.

Mas o que fica é feiura pura, que as duchas sanitárias do Juiz Sérgio Moro tentam lavar em vão, porque tudo é pústula e podridão.

Dos esconsos das empresas públicas, das tocas do empresariado e dos socavões dos partidos políticos tem emergido uma teratologia assustadora. 


Resta ainda no cenário do Planalto Central a placidez fisionômica de alguns que poderiam, se atores profissionais fossem – e atores são de fato  integrar o elenco da peça portuguesa A Ceia dos Cardeais, conforme o seu perfeito phisic du rôle

      

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