AS CARAS DA REPÚBLICA
Reginaldo Vasconcelos*
“O
bom, o mau e o feio” é a tradução literal do título de um filme de western italiano, que,
em vez de remeter à trama da história, como era de esperar, aponta características
pessoais dos personagens (De Sergio Leone – Com Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach – 1966).
Na
trama imbricada da vida pública brasileira, neste momento, poder-se-iam indicar os
protagonistas por suas características próprias, notadamente a beleza e a
feiura, visto que os conceitos de bondade e maldade dependem sempre do ângulo
político e ideológico de quem olha.
Aliás,
os bons que fundaram o partido do governo já não estão mais no partido, nem no
governo – os belos Chico de Oliveira, Hélio Bicudo, Ivan Valente, Plínio Arruda,
Eduardo Suplicy – entre tantos outros que vazaram para o PSOL, ou foram postos
à deriva.
Outras
belezuras permanecem nas hostes, como Zé Dirceu e Zé Genuíno, antigos Adônis
das lutas heroicas – hoje reduzidos a ladrões do erário, traidores da Pátria, bandidos
apenados – foram de galãs a vilões em 30 anos de novela – mas ainda mantidos
como grandes ícones do partido que fundaram.
Beldades femininas sacaram fora mais cedo, como Heloísa Helena, Luciana Genro e Marina
Silva, enquanto as que ficaram estão com a lama no pescoço – caso da elegante Ideli
Salvatti e da graciosa Gleisi Hoffmann.
Marta
Suplicy resistiu muito, mas também se despediu, antes de ser alcançada pela
onda piroclástica da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, e nessa fuga será seguida pelo doce
Paulo Pain – talvez “o último dos moicanos” a participar da debandada.
Mas o que fica é feiura pura, que as duchas sanitárias do Juiz Sérgio Moro tentam
lavar em vão, porque tudo é pústula e podridão.
Dos esconsos das empresas públicas, das tocas do empresariado e dos socavões dos partidos políticos tem emergido uma teratologia assustadora.
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