MAIS FRAZONICE
Vianney Mesquita*
Vianney Mesquita*
Aprendei
de mim, ó flores, o que vai de ontem a hoje; que eu ontem maravilha fui e hoje
sombra do que fui não sou. (Félix LOPE DE VEGA y Carpio, poeta e
dramaturgo. YMadrid, 25.11.1562 - † 27.08.1635).
Tenho na lista
dos amigos o cratense Anselmo de Albuquerque Frazão, pessoa de bem, cidadão do
melhor caráter, autenticidade a toda prova, dotado de temperamento alegre e
jovial, malgrado os noventa, há pouco celebrados, tendo, também, como boa marca
o fato de ser torcedor do Fortaleza.
Conheci-o
quando adentrei a U.F.C. nas últimas unidades dos ’70, ele já como diretor da
Imprensa Universitária, lugar onde permaneceu por cerca de quarenta anos, dos
reitorados dos Professores Martins Filho a Hélio Leite.
Estão insertas
no folclore da Universidade suas inteligentes tiradas, as nominadas frazonices, consoante cunhadas pelo
médico e literato Prof. Dr. Pedro Henrique Saraiva Leão, algumas das quais já
contei aqui.
Apesar de haver
deixado a I.U. - U.F.C. (num lance desumano da vida), continuava a editar ali o
Boletim Mensal do Rotary Club de Fortaleza, conforme o faz há dezenas de
anos, como fidelíssimo e abnegado componente.
Ele próprio
colhia e impunha arranjo às matérias, porém o artigo de fundo era feito pelo
nosso amigo comum, ab imo corde, o
itapajeense Prof. Dr. Agerson Tabosa Pinto, também jornalista e docente –
ex-diretor da Faculdade de Direito, intelectual de escol, acadêmico atilado,
doutrinador jurídico da melhor crase (03.09.1934 – 16.07.2011).
De estudo, intercalo
na frazonice o que a canalha udenista da UFC conta a respeito
desse editorialista, que era de corpo fornido, bastante avantajado. Narra a
patuleia que ele fora vítima de uma mordida animal e se precatava da raiva
canina, como se sabe, uma das mais graves zoonoses, recebendo uma longa série
de doses intramusculares, na Farmácia José de Alencar e aplicadas, como é de
hábito, por um rapaz alegre.
Quando da
décima injeção, o gaio enfermeiro
notou os músculos receptores do braço direito bastante inflamados, ao que
disse:
– Ixe, dotô,
num dá pra ser nesse não; tá inchado por
demais!
Ao descobrir Agerson
o outro bração, o faceiro
profissional exclamou:
– Do mermo jeito, ou até pior! Tem de ser nas
nádiga!
Eis que, quando
o Dr. Agerson desceu as ceroulas, assomou a retaguarda, e o jucundo rapás saltitou para trás e,
garridamente, admirou:
– Vala, dotô! Se eu tivesse um trazeiro desse,
eu já tava na Lapa, no Ri de Janêro,
quetempo! ...
Voltando à vaca fria, já batera dez horas e o
Frazão, na Imprensa Universitária, aperreando o Assis Martins para aprontar o Boletim, mas o A.M. falou que tudo
estava pronto, faltando somente o editorial, de assinatura do Prof. Agerson
Tabosa Pinto, o qual prometera enviar o escrito ainda de
manhã.
Com o tempo
escasso, pois a reunião do Rotary ocorreria às 13 horas, o Frazão, mais vivo do
que rabo de calango, se vexou e ligou para assustar o sueltista, a fim de obter
resultado imediato. Foi só no que deu:
– Agerson como
preciso do Boletim à uma hora, vou
escrever o editorial e botar teu nome, certo ?
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