segunda-feira, 14 de setembro de 2015

APRECIAÇÃO LITEROCIENTÍFICA - Recursos Naturais no Semiárido (VM)


RECURSOS NATURAIS NO SEMIÁRIDO
(Usos e Manejo)
Vianney Mesquita*


Expulsa o natural e ele voltará a galope. (Philippe Destouches. YTours, 04.04.1680 – Melun, 04.07.1754).


Na constituição dos primeiros grupos sociais humanos, estava intocada a Natureza, virgínea, na imensidade dos seus recursos em todos os domínios inventariados pela Ciência.

O uso intensivo desses meios regulares concedidos à Terra pelo Criador – mesmo indiscriminado – não oferecia ameaça de iminente esgotamento dessa riqueza difusa, bem comum da Humanidade, pois toda a intervenção invasiva antrópica era insuficiente para lesar a grandiosidade do seu patrimônio.

Com a evolução sociopolítica, entretanto, dos grupos, hordas, nações e Estados, bem assim do consequente crescimento dos contingentes civis, o mundo natural, abrigo e sustentáculo da vida, foi em proporção crescente mais solicitado, ao ponto de, em dado momento – mormente no século XX – não mais responder positivamente como bem inato dos seus usufrutuários.

Passou, com efeito, a oferecer respostas negativas – as respostadas – porquanto, em decorrência da interposição, inocente ou irresponsável, de sua principal espécie, o Homo sapiens, não consegue mais repor seus ativos devastados por estas ações deletérias. Então, vêm os cataclismos, as torrentes a destempo e a seca, a fome e a peste, o desequilíbrio ecológico e um rosário infindo de males e prejuízos, como se afluíssem para expiar o comportamento transgressor do homo não muito sapiens em relação à Mãe-Terra, na expressão do historiador britânico Arnold Toinbee.

Como resguardo contra a escalada de tantas contestações ordinárias à infringência humana, é imperiosa aos habitantes de todas as nações a adoção de práticas cidadãs de respeito e convivência com o meio natural, temática amplamente propagada, hoje, por diversos segmentos da sociedade – estudiosos, cientistas, ONGs, instituições políticas, confissões e muitos outros setores da comunidade inteligente.

São estas considerações alusivas ao livro que ora achei de reler – Uso e Manejo dos Recursos Naturais no Semiárido - da autoria do meu conterrâneo (Palmácia-CE), Prof. Dr. Francisco José Martins Holanda, da Universidade Federal do Ceará, então mestre no assunto, o qual, praticamente desde que nasceu e até seu precoce trânsito para a Vida Nova, abraçou esse ramo científico relevante para estudar e propagar sob forma didática.

Docente inato que foi, pajem de dotes profissionais insuperáveis, o Dr. Chico Holanda tratou a matéria com a máxima intimidade, simplificando o peso do jargão epistemológico e exigido pela Metodologia da Ciência, conferindo legibilidade ao texto, de modo a alcançar qualquer leitor com mediana habilidade de decodificação.

Aos seus aprestos linguístico-comunicacionais, ele ajunta competência imagético-informativa, quando ade ao conjunto escrito as mais elucidativas ilustrações, com fotografias, quadros, gráficos e figuras, cuja simbiose resulta na mais esclarecedora leitura.

O volume sob nota, por conseguinte, representa o apanhado de pontos relevantes e úteis no âmbito das disciplinas edafológicas e ambientais, feito ao longo de dezenas de anos de estudos do Autor em qualificados centros de inteligência no Brasil e no Exterior, sem jamais haver perdido a conexão com o trato da terra e da Natureza.

Por todas as razões expostas, este trabalho obteve o mais absoluto sucesso, e sua maior difusão, ainda hoje, via leituras em cursos, seminários, oficinas e eventos assemelhados, significa incomensurável benefício à causa das civilizadas relações Homem-Natureza.


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