Rui Martinho Rodrigues*
A ortodoxia econômica foi satanizada.
A austeridade levaria a queda de receitas, originando um ciclo vicioso ladeira
abaixo. Keynes e Kalecki foram invocados. Confundimos gastança, que gera
desequilíbrio, com alavancagem da economia pelo uso racional do crédito.
Repudiamos investimentos privados, sejam nacionais ou estrangeiros. Propomos
consumo sem renda; aumento real de renda sem aumento de produtividade; e
investimento sem poupança; enquanto amaldiçoamos investidores e mutuantes.
Sonhamos com uma república na qual todos
sejam movidos por virtudes cívicas. Santarrões que somos, entusiasmamo-nos com uma
sociedade baseada no altruísmo. Platão arrependeu-se de haver pensado assim em “A República”, chegando a escrever outro livro, “As leis”, no qual começa fazendo autocrítica, dizendo que aquele do seu livro anterior era um modelo político para anjos,
não para homens.
As nossas instituições de ensino
divulgam a obra que o grande filósofo repudiou e sepultam a outra, que é
lucidez pura. É mais atraente fracassar com delícias irrealizáveis do que
cultivar êxitos por caminhos ásperos. Aristóteles também desacreditava da
República. Alegava a que esta depositava suas esperanças na ação desinteressada
dos homens. Preferia a monarquia, por ser mais efetiva convidando-nos a
colaborar com o interesse social a troco de honraria.
A intelligentsia,
intelectuais que se reúnem para cultivar ilusões, satanizou a austeridade. Foi o
que Raymond Aron chamou de “ópio dos intelectuais”. Houve também interesse em participar
do festim dionisíaco. Os que elaboraram o feitiço do almoço sem conta chegaram
ao poder. Fizeram a gastança. Era a “nova matriz econômica”. Mas a conta
chegou. O feitiço virou contra o feiticeiro. Quem prometeu facilidades agora
cobra sacrifícios. Invocou a deusa que os gregos chamavam de Bem Aventurança. O
espírito invocado baixou e está surrando os feiticeiros, resta-lhes a renúncia
à condição de vidraça, voltando a ser estilingue.
A feiticeira renunciará?
Joinvile, 20 de setembro de 2015.
COMENTÁRIO
Isto,
mestre Rui, que no seu périplo catarinense não esquece nosso "blog".
Ele é uma das coisas mais sérias e interessantes e apropriadas e ecléticas que
já vi na minha vida – literata e jornalística e tudo o que é bom em matéria de
informação e opinião – tudo deseixado da bobice e da "artistagem",
próprias dos deserdados.
Tive alento, emulação, desde que comecei a ler e escrever para este jornal, com o qual vibro diuturnamente. É a prima coisa que acesso. É nosso O PÃO, mas com manteiga "Lírio", daquelas das vaquinhas da lata, de quando eu era menino nos '50. Não há exceção na beleza, atualidade, verdade e plasticidade de suas colaborações.
Sou
um entusiasta deste "blog", que basta seguir nesse ritmo para ser bem
recepcionado. Não, não precisa mudar... São verdades ditas sem paixão, com
responsabilidade, graça, jeito, inteligência, preparo e muito bom Português.
Dr.
Rui, sou seu fã, sabe disso. E sou aficcionado da leitura dos demais
colaboradores, admirador número um de todos eles, sem restrição, até por que a
editoria poda os excessos e limita os transportes, aplicando a isenção, tudo de
acordo com o colaborador.
É um nosso orgulho, do muito que cultivamos.
Paraíso para seus editores!
Grande
abraço.
Vianney
Mesquita.
Isto, mestre Rui, que no seu périplo catarinense não esquece nosso "blog". Ele é uma das coisas mais sérias e interessantes e apropriadas e ecléticas que já vi na minha vida - literata e jornalistica e tudo o que é bom em matéria de informação e opinião - tudo deseixado da bobice e da "artistagem", próprias dos deserdados.
ResponderExcluirTive alento, emulação, desde que comecei a ler e escrever para este jornal, com o qual vibro diuturnamente. É a prima coisa que acesso. É nosso O PÃO, mas com manteiga "Lírio", daquelas das vaquinhas da lata, de quando eu era menino nos '50. Não há exceção na beleza, atualidade, verdade e plasticidade de suas colaborações. Sou um entusiasta deste "blog", que basta seguir nesse ritmo para ser bem recepcionado. Não, não precisa mudar ... São verdades ditas sem paixão, com responsabilidade, graça, jeito, inteligência, preparo e muito bom Português.
Dr. Rui, sou seu fã, sabe disso. E sou aficcionado da leitura dos demais colaboradores, admirador número um de todos eles, sem restrição, até por que a editoria poda os excessos e limita os transportes, aplicando a isenção, tudo de acordo com o colaborador.
É um nosso orgulho, do muito que cultivamos.
Paraíso para seus editores !
Grande abraço.
Vianney Mesquita.