segunda-feira, 18 de abril de 2016

CRÔNICA - Jacu (RV)

JACU
Reginaldo Vasconcelos*



Uma ave galinácea do Brasil, o jacu, a exemplo de um pequeno mamífero da Indonésia, a civeta, ingere frutos do cafezeiro e depois dejeta sementes quimicamente processadas no organismo, com as quais se produz uma bebida riquíssima, de excelente qualidade. Tais bichos não adquirem foros de autoridade política, nem de sapiência sociológica, em razão da raridade que produzem com o intestino.  

Pois Bem. “Chico Buarque” é o nome de uma vasta obra de excepcional importância na nossa música popular, melodias e letras de finíssima inspiração, de extração tão rara quanto, analogicamente, o “café de jacu” ou de civeta, o kopi luwak.

Mas Francisco Buarque de Holanda é apenas como aquele jacu, que assina belas canções, e que nada mais faz, nem diz, e nem lhe foi perguntado. Tomar uma xícara de “café de jacu” ouvindo Chico Buarque é de fato uma delícia... mas conversando política com quem entenda do assunto.

Na juventude, carioca bem nascido, Francisco furtava veículos por puro vandalismo, como ele próprio revelou em entrevista. Homiziou-se na Itália com medo do regime militar, casado com uma jovem artista, hoje uma grande atriz, que na volta do exílio, três filhas depois, o abandonou, para deixá-lo envelhecer e definhar em solidão absoluta.

Hoje, depois de publicar uma dezena de brochuras de ficção, exangue totalmente a sua veia sônica criativa, está como um jacu coitado que não mais consiga deglutir grãos rubiáceos para descomer preciosidades. Então, Francisco se mete a ideólogo, a socialista, a defensor da triste causa política de uma esquerda fracassada. É direito dele. “Todo cidadão tem direito de ser idiota” – eis um preceito jurídico não escrito, mas ditado pela lógica. Ser jacu é um dos mais sagrados postulados dentre as liberdades democráticas.




COMENTÁRIO: 

Ótima comparação. Brasil, país rico, se dá ao luxo de ter tão ilustre jacu político entre os melhores da música popular.

Altino Farias



Um comentário:

  1. ótima comparação. Brasil, país rico, se dá ao luxo de ter tão ilustre jacú político entre os melhores da música popular.

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