SUFOCO
Reginaldo Vasconcelos*
O País pensante suspendeu a respiração
nesta última semana. A expectativa com o processo de impeachment de Dilma Rousseff está sufocando de ansiedade as
multidões que querem o afastamento dela urgentemente, conforme manifestaram nas
ruas, enquanto o medo da derrota está deixando arroxeado o grupo ideológico que
a idolatra.
Mas estão absolutamente cianóticos os
milhares de militantes de esquerda, que aparelham os órgãos públicos por mais
de treze anos, e que se nutrem nas tetas gordas do Governo. Esses estão caindo
em depressão cada vez mais profunda, a cada tento marcado pelo movimento “Fora
Dilma” – a própria Dilma puxando essa triste procissão.
A comissão de senadores que trabalha para
produzir um relatório, admitir a denúncia e abrir a fase decisória do processo,
causando o imediato afastamento da Presidente lulupetista do Palácio do
Planalto, segue realizando audiências em ritmo frenético, para cumprir o
cronograma.
Nessas audiências, meia dúzia de
parlamentares da ala governista, como um Exército de Brancaleone, luta com
unhas e dentes para enfrentar a grande maioria de opositores, todos muito mais
preparados e fluentes, que já declararam seu voto favorável à condenação da
Presidente.
E será necessário que se estabeleça apenas
a maioria simples – metade mais um – para a vitória de uma das teses
confrontadas: Houve ou não crime de responsabilidade? Enfim, a Presidente responde
ou não pela nefasta “contabilidade criativa” que o seu governo praticou?
Mas é hercúlea a tarefa dos que nesse
embate representam a “Liga da Justiça” – aquela associação de super-heróis criada
pela indústria dos quadrinhos e do desenho animado, que visa salvar o mundo e proteger
a humanidade de seus vilões e de suas apocalípticas mazelas.
Para começar, esses senadores “do bem”
foram jungidos a considerar como “causa de pedir” deste processo única e
tão-somente dois itens, no meio de toda a continuidade delitiva e das conexões
criminosas que estão demonstrados na denúncia original.
Fazendo uma analogia, é como se depois de
uma enorme chacina, configuradas na denúncia materialidade e autoria, o juiz fosse obrigado por forças
estranhas a julgar unicamente se um dos tiros constatados no exame cadavérico,
em meio a tantos outros, teria saído mesmo da arma do Réu, e se não teria sido
acidental, e se aquele único ferimento teria tido mesmo letalidade, ou se a específica
lesão fora ou não fatal, para com base somente nisso condenar ou absolver.
Então, está visto que, não obstante a
superioridade numérica de três para um, e da maior musculatura argumentativa
dos antigovernistas que compõem a Comissão do Senado, estes têm que enfrentar a
peçonha do Charada, do Pinguim, da Mulher-Gato, do Curinga, do Duende Macabro –
gente que joga sujo, que dissimula, que tumultua, que faz reféns, que
chantageia.
É notar o que fez o Senador Telmário Mota,
que faz parte da Comissão e é contra o impeachment,
ao apresentar questionamentos à autora do processo, Dra. Janaína Paschoal, convidada a prestar esclarecimentos sobre os termos da denúncia.
Depois de ler as perguntas técnicas que sua assessoria produziu – pois pelos erros
gramaticais que comete na fala já demonstra as suas limitações redacionais –
ele referiu-se de maneira absolutamente impertinente a um determinado cliente da Dra. Janaína – um certo agente público que teria
investido institucionalmente contra o Lula em algum momento, e que presentemente estaria
respondendo por suposta agressão à esposa (conduta que se atribui a outra mulher da família), sob o patrocínio técnico da referida advogada. Vade Retro!
Ora, Telmário
fez assim uma manobra odienta, à altura de sua aparência, cabível ao Curinga, nas suas
lutas inglórias contra o Batman.
Assim é que o grupo político no poder,
envolvido até o pescoço em escândalos financeiros, com diversos membros
investigados, denunciados, condenados, presos, objetos de irrefutáveis delações
de comparsas e de induvidosas interceptações telefônicas legais – e que afinal
levou o País à bancarrota – conseguiu restringir seu delito a ser escrutinado a duas simples manobras
contábeis ilegais.
Mas como isso é possível, se o povo está
contra o Governo em altíssima porcentagem, se a crise econômica e ética é aguda
e insofismável, e se a maioria do Parlamento quer o impeachment? Ora, isso é possível porque não há ruptura institucional, o processo segue os trâmites legais – e a chefia de cada um dos três poderes da República ainda está contaminada pelo
DNA lulopestista. Isso possibilita tecnicalidades golpistas contra o bom direito, exatamente contra a tese dos que são indevidamente acusados pelos petistas de "dar golpe” no Governo.
Senão vejamos: Os presidentes da Câmara e
do Senado, que estão na linha de sucessão presidencial, e assim continuarão,
além da sua influência na recepção da denúncia, estão envolvidos em crimes relacionados
ao grupo demissionário, do qual foram aliados por anos, ainda poupados pela Justiça – todos do mesmo partido
político a que pertence o prócer que assumiria o “mandato tampão” em função do impeachment.
Por seu turno, o Presidente do Supremo
Tribunal Federal, de quem se devia esperar isenção absoluta, nos padrões da “mulher
de César”, foi nomeado por Lula da Silva, com quem sabidamente tinha e mantém
relações pessoais – teve encontro pretensamente secreto com a Presidente da
República em Portugal – e foi citado, entre outros Ministros do Tribunal, em
delações e gravações judiciais de ligações telefônicas trocadas entre bandidos
do Governo.
A Nação brasileira assiste assim a uma luta
renhida e sangrenta do bem contra o mal, da qual depende o seu futuro – que
mesmo na vitória da boa causa será duvidoso – mas que na hipótese inversa continuaria
induvidosamente muito mau.
O adversário é tinhoso, mente, sofisma, joga sujo – uma
hidra com cabeças ofídicas das quais algumas redivivas sobrevivem. Então, mesmo
contando no Senado com os super-homens do bom-senso, precisamos ainda de
proteção mística especial. Então vale orar muito e rogar, como diria Vianney Mesquita, que Deus
se apiade de nossas almas!
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