NÃO VAI TER GOLPE!
Reginaldo Vasconcelos*
Graças
a Deus não vai ter golpe, já que nessa acepção política a palavra alude a uma abrupta
manobra de força para a tomada do poder, rompendo as instituições, de
forma nada republicana e democrática. E nada disso está acontecendo no País.
Ainda
bem, pois as guerras, as revoluções, os golpes políticos e militares, nunca
desejáveis, muita vez têm deflagração imperiosa, quando circunstancialmente uma
dessas medidas se revela a única maneira de romper com o jugo de impostores em
geral, que por meio violento ao caviloso, pela imposição ou pela mentira, exploram
e exasperam uma nação – e isto anda acontecendo, internamente, com o Brasil.
O
que está em curso é um processo de impeachment,
remédio constitucional que tem precedente recente no País, que segue o rito
definido pelo Supremo Tribunal, hasteando fato determinado constatado em
relatório de tribunal oficial, e que conta com a aprovação de 80% do povo,
restando agora o julgamento político do Poder Legislativo. Cadê o golpe?
Alegar
que se pretenda dar um golpe político no Governo, na verdade, é ato falho de
quem sabe que a conduta de governantes mentirosos, que praticaram administração
ruinosa, mereceriam mesmo uma vigorosa reação. Mas, felizmente, ainda não foi
preciso tanto.
Um
governo que tem inúmeros de seus integrantes sob suspeita, investigados, processados,
presos, envolvidos em crimes, que levaram o País à bancarrota, suscita mesmo
que se o destitua pela força. Então, o sujeito que teme um golpe é como o
cachorro que quebrou o pote, sabe que merece o castigo, e que se põe a ganir de medo, logo que apenas defronte o
chinelo do seu dono.
Não
vai haver golpe nenhum, mas apenas esforços republicanos para o afastamento de
um grupo que vem elegendo e reelegendo os seus candidatos com base em
milionárias campanhas políticas, escandalosamente mentirosas, custeadas com
verbas públicas, por meio da cooptação de grandes empresas empreiteiras,
conforme já está amplamente comprovado.
Se
não prosperar o primeiro processo de impeachment,
um segundo, promovido pela OAB, será processado, e de todo modo a ação que
tramita no Tribunal Eleitoral possivelmente tenha a necessária energia para
varrer a bandalheira.
E
tomara que sim, porque do contrário corre-se o risco de que “um bando de generais e um bando de soldados”,
(conforme a definição dada por Lula da Silva às Forças Armadas) resolvam tomar a peito a tarefa de pacificar a
Nação, de moralizar a Administração Pública, de resgatar o bom nome do Brasil
no Exterior – e a gente sabe que depois de sentir o gosto de sangue eles demorarão
a largar o osso.
O
título deste artigo, aliás, na data de hoje, 1º de abril, o dia da mentira, é
uma homenagem irônica aos atuais próceres da República – aos que presidem os Poderes
e que estão na linha de sucessão da Presidência, e na linha de fogo das investigações,
bem como os que os aplaudem e dão apoio.
É
verdade que sem o golpe, falsamente alardeado, e sem um ato de força, por todos
temido, será difícil nos livrarmos inteiramente dessa malta, porque não há no
horizonte alternativas ideais.
Contudo, ver a politicalha sob o flagelo da lei,
escorraçada pela grande mídia, perseguida pela Justiça e fustigada pela Polícia
Federal, tropeçando nas próprias vísceras morais ao fazer seus desmentidos
chochos, exposta pelas delações premiadas e pelas escutas telefônicas, é sempre
um refresco íntimo para a cidadania espoliada.
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