ODE A RAIMUNDO
HOLANDA FARIAS
Vianney
Mesquita*
Saudade: olhos que ficam numa margem a contemplar
aquilo postado no lado oposto. (BONINI, Iside M.).
Consoante
sugere Iside Bonini, a saudade são os olhos quedados numa margem, a contemplar
aquilo postado no lado opósito.
Isto
me conduz a referir à ideia de que, a despeito de demandar mais de dois anos e
meio do trânsito do nosso homenageado para dimensão mais do que terrena, sua
lembrança radica sempre mais viva na retenção imaginativa de seus amigos,
ex-alunos, correligionários e admiradores, ao se refletirem, dia a dia, na
imagem de uma personalidade prototípica de um excecional e humano ser.
Este
é um estribilho perene, solfejado incessantemente pelos
seus circunstantes. Constitui o refrão ininterrupto dos apreciadores e
seguidores do seu caráter intacto, não acessível ao deslustre da indignidade,
no âmbito familiar, na contextura amistosa e no contorno público. Continua a
espelhar comportamentos modelares e delinear atitudes nas quais se distingue a
estampa de PESSOA, na mais depurada acepção que esta unidade de ideia possa
denotar.
Assere
tal insofismável realidade a preciosa feição de sua descendência – configurada
em Luís Alfredo, Karla e Lucy Anna – e sua linhagem extensiva de nora, genros e
netos – a qual, procedente dele e de Dona Célia Gadelha Farias, reúne aquelas
mesmas crianças que conheci na casa da Vila União e no sítio Catolé. Agora,
entretanto, sob decorrência natural da vida transcursa na normalidade e no
esmero educacional da ambiência doméstica e pedagógica, os filhos estão profissionalizados
e mourejam nos mais dignos ofícios funcionais. Isto porque – a instâncias da
responsabilidade que soi presidir os pais perfeitos – transitaram pelas
melhores escolas, frequentaram as mais distintas academias – como nossa UFC,
por exemplo, e aportaram a um cais seguro, onde a educação e a instrução,
submissas aos ditames da Ciência e da Ética, são os garantes da continuidade
desse estatuto educacional, logrado a custo de comportamentos familiais tão
consentâneos como os que Dona Célia e o Professor Raimundo Holanda acharam de
perfilhar.
A
pessoa plural que sua imensa aleia de admirantes reverencia neste livro,
protagonista de incontáveis exemplos conhecidos de todos, resulta
paradigmática, decorre especular, hajam vistas as posições irretocáveis, sob o
espectro da moral e do recato, assuntas no decorrer de toda a rota por ele
esquadrinhada durante os quase 74 anos em que esteve entre nós, conforme se
pode divisar neste volume.
O
Professor Raimundo Holanda Farias, homem, professor e administrador
público-acadêmico de enorme visão, é, por conseguinte, baluarte, peça de
considerável valor histórico da nossa Universidade Federal do Ceará.
Eis
por que seus amigos e apreciadores se ajuntaram e, sob a mão direita da Doutora
Karla Adriana Farias Vieira, fizeram este registro de demarcado merecimento
para o roteiro da memória educacional superior do nosso Estado, particularizando
a UFC.
Este
volume, por conseguinte, constitui uma coleção de consignações expressas por
seus amigos e circunstantes, que com ele operaram trabalhos diversos,
notadamente numa sucessão de estádios de amadurecimento e consubstanciação da
nossa Academia, mormente no que concerne às ações de administração e extensão
universitárias, esta que se tornou, pela Lei 5540/1968, indissociável do ensino
e da pesquisa.
Os
consultantes experimentarão, pois, a oportunidade de asserir, em especial os
que não privaram da sua amizade e companheirismo trabalhista, o fato de que o
Professor Raimundo Holanda foi um docente e administrador acadêmico de
ilimitadas aptidões, tendo desempenhado, de sobra e a contento, assinalados
papéis na UFC, à qual serviu com sobrado zelo e inaudita competência.
Ponto
de destaque ocorreu com sua eleição para reitor da Instituição, por parte da
comunidade universitária, não havendo logrado assumir a Reitoria em decorrência
de fenômenos feridos a contrapelo de sua vontade e de seus correligionários,
fato, aliás, que a família e os de sua relação decidiram, por proveitoso,
aterrar, em vantagem das relações sociais esclarecidas.
Este
livro, de autoria plural, tem uma peculiaridade: é que, em decorrência da
multiplicidade de elocuções e maneiras de os articulistas se manifestarem, é
claro, não é possível a unidade estilística, porquanto são múltiplas as
expressões do pensamento, todavia, mesmo assim, elas retratam, com a maior
fidelidade, a personalidade e o vigor laborante de Raimundo Holanda Farias, ao
deixar para os fastos da UFC uma quadra registrada, in albo signanda lapillo, para emprego e usufruto de quem é
conferido o trabalho de tocar a progressão da existência institucional.
Autores
de peso, como o ex-reitor, Professor Paulo Elpídio de Meneses Neto, e
Professores Sulamita Vieira/Célio Lima – além de meus preclaros amigos,
professores Agamenon Tavares de Almeida, José Everardo Sobreira e Carlos
Henrique Ximenes - trazem textos denotativos, em meio a muitos, do verdadeiro
contributo do Dr. Raimundo Holanda Farias à nossa evolução universitária, em
complemento à sua maneira de operar pacificamente, sem arengas nem pressa,
jeito de fazer que individualizou seu modus
operandi e legou exemplo para os que trabalham na UFC ou subsequentemente
aqui adentraram.
Creio
representar distinção enorme, para os vários articulistas deste livro, a
ensancha de fazer chegar ao público um punhado de classificados registros, em
ato creditado ao imenso administrador, Professor Jesualdo Pereira Farias. É
fato consabido, este dirigente-mor, no momento, é reconhecido como reitor dos
mais preeminentes, em trabalho e descortino, da memória da Instituição, numa
excepcional quadra pela qual transita a Universidade Federal do Ceará, feita,
hoje, uma das maiores potências acadêmicas do País, em todos os aspectos de sua
atuação, agora a cobrir a quase totalidade das regiões do Ceará, com seus
programas de ensino, extensão e busca científica.
O
Professor Jesualdo Farias, divisando os benefícios desta publicação, autorizou
a edição, providenciada pelo CETREDE, por via das diligências do Prof.
Francisco de Assis Melo Lima, autoridades universitárias às quais a família do
Professor Holanda – por meu intermédio – externa sentidos agradecimentos.
O
nome, a memória e as preleções do sábio docente refletido na edição a que me
refiro, em lidar com pessoas as mais díspares em personalidade e modos de se
comportar, estão, seguramente, preservados nas páginas deste livro, cujos
autores aportaram ao seu recheio estremes escritos denotativos do vigor
administrativo, extensionista e pedagógico, que presidiu ao caráter do
Professor Raimundo Holanda Farias, razão primordial do subtítulo desta peça
editorial, da lavra da Doutora Karla Adriana Holanda Farias Vieira, configurada
no Tributo ao mestre que ensinou fazendo.
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