Prezados
confrades,
Senti-me honrado
por vocês lembrarem de meu nome para possível participação no elenco de
retratistas que realizarão o panteão dos Patronos dessa nossa magistral
Academia de saberes.
Penso que essa
ideia de construir 40 retratos em estilo formal por uma equipe selecionada vai
marcar a história da nossa cultura artística, portanto um grande tento.
A retratística
pictórica é um dos gêneros mais difíceis e complexos das artes plásticas,
porque além da técnica formal o autor tem que dominar a “fisiognomonia”, ramo
da psicologia que trata dos traços fisionômicos relacionados ao caráter e à
personalidade do retratado; então, saber pintar bem não é o suficiente.
Portanto, como
vocês sabem, um retrato pintado (diferentemente da foto, que apenas sugere a
imagem da superfície) é uma espécie de depoimento e confissão do retratado e
também uma prospecção da sua alma. Assim, o retratado é “desnudado” pelas
pinceladas do pintor, o qual deve ser um perspicaz capturador de sentimentos.
Dessa forma, o
pintor retratista é um decodificador dos sentimentos identitários de uma
personalidade, através da técnica retratística. Mas essa possibilidade somente
pode acontecer com a pessoa ainda viva, claro. É o tal retrato posado
presencial. A história da arte nos mostra que antes da fotografia todas as
pinturas de retratos conhecidas têm esse viés de profundidade psicológica.
Após o advento
da fotografia, e coincidentemente com a grande demanda de retratos oficiais, os pintores passaram a
utilizar a fotografia como método auxiliar para realizar suas obras.
Entretanto, esse momento é um marco divisor na história da retratística, o que
atualmente é fácil de notar: antes da fotografia os retratos eram
assombrosamente psicológicos e de grande vitalidade, lembrando que um retrato
feito nessa época necessitava de várias seções de poses que chegava a demorar
até um mês. Muito cansaço.
Após a
fotografia, a preocupação em copiar apenas a “topografia” facial tornou as
figuras endurecidas como ícones sem alma. O genial pintor Rembrandt, passou
quase toda a sua vida, também, fazendo autos retratos, que são testemunhos
psicológicos de várias épocas de sua vida.
No caso da ACLJ,
a maioria dos homenageados já desencarnou. Nesse caso o artista se vê obrigado
a apelar para vários recursos auxiliares, tais como: fotografias em épocas
diferentes, biografias, tendências e preferências existenciais, informações
afetivas de familiares etc. O artista apela para qualquer possibilidade que
possa auxiliá-lo. Contanto que o retrato tenha a força e a vitalidade
psicológica do retratado. Na hora do aperreio o pintor apela até para a
macumba, contanto que o retrato fique razoavelmente correto.
Vejamos como
essa arte é complexa: apesar de toda parafernália em profusão de novos recursos
tecnológicos altamente sofisticados da civilização da imagem, como o tal foto
shopping, nenhum desses instrumentos é capaz de capturar a alma de ninguém.
Entretanto, um pincel com gotas de tinta e sensibilidade desnuda qualquer alma.
Eis a retratística.
Particularmente
eu não sei pintar bem retrato a partir de foto. Quando assim o faço, por uma
necessidade, demando grande esforço, mesmo assim o retrato me sai um tanto
artificial, contudo, em se tratando de uma iconografia como essa do Panteão dos
Patronos da ACLJ, muito me honra o convite que alegremente aceito.
Entretanto,
gostaria de sugerir que esse magnífico trabalho fosse composto por pintores de
gabarito, os quais cito: Prof. Ernani Pereira, Prof. Pedro Eygmar, Prof. Fernando França, Prof. Vlamir de Souza,
Pintor Raimundo Neto, Pintor Dornelles, Prof. B. Melo e o Prof. Anquises. Esses,
conheço bem, são competentes. Mas a ACLJ,
naturalmente, irá convidar os artistas que assim lhe convier. Acredito que essa
ideia seja de grande valia para nossa cultura.
Descartes Gadelha
Descartes Gadelha
Pintor,
Desenhista, Escultor, Carnavalesco, Músico, Folclorista, Compositor
Artista cearense de projeção internacional
Artista cearense de projeção internacional
Membro
Benemérito da ACLJ
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