MOTIVAÇÕES
DO ELEITORADO
Rui
Martinho Rodrigues*
O eleitorado formou dois blocos. As políticas sociais foram
debatidas. A divergência está na sustentabilidade financeira delas. É preciso
preservar o equilíbrio fiscal e a estabilidade da moeda para que as políticas
sociais seja sustentáveis? Ou tal argumento é a negação das referidas
políticas?
Probidade administrativa é outro tema. Só é verdade a
improbidade do outro? As irregularidades estão de ambos os lados? Há quem
justifique o assalto ao erário. Sempre foi assim; o outro excede
quantitativamente a desonestidade; moralidade é ingenuidade; argumento ético é
hipocrisia; o denunciante é desqualificado: eis os raciocínios postos pelas
partes, conforme o lado e as alianças.
Clientelismo e compra de votos, embora presentes no mundo
dos fatos, são acusações meio esquecidas no debate atual. O silêncio não foi
explicado.
A percepção do Estado como agente da História para o
aperfeiçoamento do homem, através da reengenharia da sociedade, é outro divisor
de águas. Há os que temem invasão da vida privada. Outros desejam um Estado
curador de incapazes, criador de um novo homem.
Relacionado ao tema do Estado curador de incapazes, a moral
tradicional, envolvendo temas ligados à vida sexual e drogas divide o
leitorado. A moral tradicional é posta, por uma parte, como preconceito,
patologia psiquiátrica (fobia). Juízo de valor é visto como agressão.
Tolerância é interpretada como cerceamento da liberdade de expressão, de
consciência e do direito à crítica. Alguns percebem ainda a atitude dos “novos
gestores da moral” como agressão aos valores conservadores e tentativa de impor
pela força uma orientação.
A diplomacia não foi debatida, embora haja muito o que discutir acerca da orientação dada pelo
governo brasileiro às relações internacionais.
O debate não teve qualidade e nenhum dos polos é homogêneo
quanto a tantos aspectos. Os ajuntamentos contraditórios contribuíram para
aumentar um terceiro grupo, instável, flutuante, exacerbando a volatilidade das
intenções de voto.
Professor – Advogado
*Rui Martinho Rodrigues
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10
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