sexta-feira, 10 de outubro de 2014

CRÔNICA (RV)

AMIGOS
Reginaldo Vasconcelos*

No trânsito da cidade avisto ao sol o amigo velho que sumira no baralho do tempo, e lhe aceno em regozijo. Haviam-me dito que morrera. Que fadiga!

Numa outra esquina, certa noite de sábado, volto exausto do trabalho e encontro no semáforo um outro amigo, o qual simplesmente me sugere que lhe siga o automóvel.

Em pouco tempo somos vários, e depois de um tempo incerto somos risos, reunidos, após fechar o bar, na penumbra do playground de um posto de gasolina que não fecha, bebericando e esperando o sol nascer.

Minha atual mulher foi casada com um político, e o nosso filho nasceu num dia de eleições comenta um chato.

Isso é uma mulher ou uma urna eleitoral? o bêbado que cochilava na cadeira acorda e instiga o outro. Troça, rusga, mágoa.

Tudo bem, foi mau, estava brincando...

Gozação, alegria. Ainda estou vivo.



(Do livro O Passado Não Passa - Vênus Gráfica e Editora - 2005)


*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ

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