BNB: NOVOS PONTOS DE INFLEXÃO
Arnaldo Santos*
O Banco do Nordeste tem experimentado, ao longo de sua trajetória (62 ANOS), ora com sucesso retumbante, ora com êxito discreto, conquistas relevantes que pontuam sua atuação como instrumento do Governo Central para a promoção do desenvolvimento regional. Tem vivido, também, vários momentos de grande tensão corporativa em sua caminhada.
Esses momentos, que representam pontos de inflexão
estratégica, são motivados, muitas
vezes, por demandas de seu ambiente externo, em constante mudança, e outros
tantos originados da visão de seus líderes. Em todos esses momentos críticos, o
BNB desenvolveu respostas constituídas por ações administrativas para enfrentar
ameaças reais e potenciais à sua existência.
Ou então, complementarmente, tem buscado explorar
oportunidades operativas capazes de deter o avanço dessas ameaças, de forma que
o Banco se legitime institucionalmente como ferramenta do Governo Federal em
suas políticas voltadas para o Nordeste, e se apresente à sociedade, no final, como
uma empresa eficiente, flexível e capaz de contribuir para que os agentes
produtivos da região exerçam seu papel, com o apoio da Instituição. Enfim, em
cada momento, o BNB tem procurado empreender ações que o façam continuar sendo útil
à sociedade nordestina.
O Banco vem fazendo isto em toda a sua história. São
momentos épicos como, por exemplo, o engajamento na luta pelo FNE e, no auge do
chamado neoliberalismo, o enfrentamento desafiador
de se enquadrar como uma empresa de mercado, autossustentável, sem perder o vínculo histórico de sua missão
em contribuir para o desenvolvimento regional. Evidentemente, neste caso, os
paradoxos associados com o fato de o BNB ter que atuar ao mesmo tempo como uma empresa de mercado e
uma agência de fomento têm representado imensos desafios para seus dirigentes e
funcionários.
E o que dizer do papel do Banco no atual momento
histórico-político liderado pelo atual presidente Nelson de Souza, quando novos
governantes estão para ser eleitos? Qual seria(m) o atual (ou os atuais) desafio(s)
estratégico(s) do Banco, e como poderia enfrentá-lo(s) desta vez, sob um cenário
completamente diferente daqueles do passado?
Pessoalmente, vejo que um dos grandes desafios atuais
que se apresentam ao Banco seria o imperativo de formatar ações customizadas
direcionadas a cada um dos nove governos estaduais da Região.
Quando digo “ações customizadas” pretendo contrapor
tais ações ao que o BNB vem fazendo nos últimos governos, onde suas políticas e
programas, apesar da boa qualidade técnica de concepção e da costumeira eficiência
gerencial na sua aplicação, são lineares, sem uma diferenciação aparente ou sem
um foco que visem as especificidades dos problemas enfrentados por cada um dos
Estados do Nordeste.
O fato de não ter, em minha opinião, uma presença
diferenciada em cada Estado da região parece sugerir um vácuo na ação
institucional do BNB, pois se sabe que as diferenças entre essas unidades da
federação são bem particulares, que requerem ações diferenciadas, em muitos
casos, por parte de todos os órgãos
do Governo Federal. Os Estados do Piauí e Maranhão, a meu sentir, têm carências
bem mais agudas do que Pernambuco, Bahia e Ceará.
Isto posto, parece-me que, após as definições
eleitorais em 05 de outubro, na maioria dos Estados, com novos governantes em
cena ou com pelo menos novos períodos de governo para os candidatos que forem reeleitos
governadores, e ainda sob novo cenário político-institucional no Brasil, seria de bom alvitre o BNB realizar seminários em cada um dos Estados
para captar sugestões dos governos locais, que sirvam de base a um vigoroso programa
de ações específicas voltadas pontualmente para os Estados, sem prejuízo, no
que for apropriado, da continuidade das ações atuais da Instituição, no tocante
à transversalidade dessas ações com os novos eixos de ação definidos sob esse
novo ponto de inflexão estratégica da Instituição.
Lançamento do livro
26/09/2014
|
Seria uma forma de mostrar um novo posicionamento estratégico da nova diretoria em favor do desenvolvimento regional, estreitando a colaboração entre o BNB, os governos estaduais e o setor produtivo.
*Arnaldo Santos
Jornalista e Sociólogo,
Doutorado em Ciências Políticas,
Titular da Cadeira de nº 13 da ACLJ
Co-autor do livro
Banco do Nordeste
60 Anos de História e
Desenvolvimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário