quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ARTIGO (CB)

ODE AOS AÇUDES DO SEMIÁRIDO NORDESTINO
MARES DO SERTÃO
Cássio Borges*

Açude Mãe D’água, no sertão da Paraíba

Um dos mais empolgantes temas abordados sobre recursos hídricos pelo Jornal O Povo, de Fortaleza-CE, em Caderno Especial, sob o título “Mares do Sertão”, foi publicado no dia 30.08.2007. A matéria mostrou o papel dinamizador dos açudes construídos pelo DNOCS no Estado do Ceará, de onde se concluía que, sem eles não teria sido possível construir uma civilização, como a que existe nesta inóspita e seca parte do nosso país. E, por extensão, em toda a região nordestina, onde aquele departamento federal vem exercendo as mais variadas ações (açudes, estradas, poços profundos, irrigação etc.) desde os primórdios de sua existência no ano de 1909, portanto há 105 anos.

A importância de um açude naquela matéria foi bem definida nas palavras do barraqueiro do Açude Orós, Pedro da Silva: “...Mas se não fosse o Orós do Presidente Juscelino (Kubitchek) não existia rico e nem pobre. Não tinha nada, nem cidade”.

E na análise dos jornalistas que elaboraram essa reportagem: “Ele, a exemplo dos habitantes do semiárido, é um dos que usam o açude para sustentar a mulher e dois filhos”.

A matéria ainda faz referência ao programa da Açudagem em Cooperação que pessoas mal informadas, ou que pretendiam denegrir a imagem do DNOCS, diziam, de forma simplista, “que o DNOCS construía açudes em propriedades de particulares”, o que não é verdadeiro. O que existia era um programa sério do Governo Federal que para “combater a fome, a miséria e viabilizar a vida no sertão, construía açudes de até 10 milhões de metros cúbicos de água armazenada em parceria com a iniciativa privada”.

Esse programa foi concebido desde os primórdios da existência do DNOCS , em 1909, no qual os interessados entravam com a metade dos recursos destinados à obra e o Governo Federal com a outra metade. Mas os proprietários eram obrigados a deixar “corredores de acesso” para as populações circunvizinhas se abastecerem de água para usos domésticos. Infelizmente, este vitorioso programa foi extinto no Governo do Presidente Jânio Quadros.

Apesar dos atuais três anos de seca, é importante destacar que o Açude Orós, ainda está com cerca de 54% de sua capacidade de acumulação, cuja água mantém até agora os projetos de irrigação e ainda dispõe de água para a Região Metropolitana de Fortaleza, como fez na seca, também de três anos, de 1991 a 1993, quando foi construído o Canal do Trabalhador. Viva a Açudagem em Cooperação. Viva o Açude Orós. Viva o DNOCS, que muitos pseudotécnicos cearenses desejam a sua extinção.

Publicado no Jornal O Povo em 20.10.14
Publicado no BLOG InfoBRASIL em 22.10.14


* Cássio Borges
Jornalista e Engenheiro
Ex-Diretor do DNOCS
Membro da ACLJ

Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica de Pernambuco, com cursos de especialização em Hidrologia e recursos hídricos, pela Escola Nacional de Engenharia e Pontifícia Universidade Católica-PUC, ambas do Rio de Janeiro. É Membro Honorário da ACLJ.

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