EVOCAÇÃO DE LUSTOSA DA COSTA (1)
Vianney Mesquita*
É melhor o pouco da memória do que o muito do
esquecimento. (Lewis Howard Latimer. *Chelsea-Mass., 04.09.1848; + Nova
Iorque-NY, 11.12.1928).
Deparamos, na estante, Sobral – Cidade das Cenas Fortes, um dos 28 trabalhos em livro do nosso ex-professor na Universidade Federal do Ceará, na década de 1970 – disciplina Cultura Brasileira – imortal Francisco José LUSTOSA DA COSTA, por quem nutríamos crescida admiração, tanto na qualidade de pessoa como de intelectual de escol e cronista bem apessoado nas letras em quase todos os seus gêneros.
Aportou-nos, pois, à evocação a
ideia de que, dos representantes da inteligência cearense nos diversos espaços
do conhecimento, sem qualquer hesitação, o jornalista e acadêmico Lustosa da
Costa (Cajazeiras-PB, 10.09.1938 – Brasília-DF, 03.10.2012) é o que mais
conservou fidelidade à Terra Sobralense, onde viveu e formou o caráter de homem
sério e formulou boa parte de sua constituição intelectual.
Escasso era o dia – se é que houve
este – em que o Autor de Vida, Paixão e
Morte de Etelvino Soares deixava de comentar qualquer coisa acerca de
Sobral, desde Brasília, na sua coluna do Diário
do Nordeste, evento demonstrativo de sua benquerença à pátria (2) de tantas pessoas
ilustres a pontilharem nossa história.
A maioria de seus livros, vasta
produção edificada no curso de muitos janeiros, tem a Cidade de Dom José
Tupinambá da Frota como móvel principal do enredo, sempre carreando episódios
do passado ainda não tocados pelos investigadores dos feitos locais, ao
sobrepor os faustos históricos do ativo intelectual alencarino, a igual tempo em que elasteceu a memória de Sobral/do Ceará
com matéria-prima histórica de qualidade indiscutível.
Adiu-se ao seu bem-querer peculiar
pela Zona Norte o consistente substrato intelectual, haurido, jamais (3), em Sobral, no que
respeita à prima base de acumulação de sua larga cultura, integralizada em
Fortaleza, noutros cantos do País e na Europa. Por tal pretexto, seus escritos
são esteticamente agradáveis e os argumentos - porquanto vazados em fontes
idôneas - restam incontestáveis, fatos que concedem aos seus escritos o encanto
da Arte Literária e o estatuto de veracidade histórica.
Eis, pois, que este sobralense honorário
veio trazer (como o fez noutros ensejos, também) o mencionado Sobral – Terra das Cenas Fortes – cujo
palco é, de novo, a Princesa do Norte
e, feitas artistas, as pessoas da Cidade, achegando ao estoque de fatos mais
matérias para nos ilustrar e estear a tarefa dos operários da cultura,
representados pelos investigadores.
Foi, por conseguinte, mais uma ocasião de enlevo para quem estima Sobral a da publicação, com lançamento, do prefalado livro (Fortaleza: ABC, 2003), rebento da diligência deste emérito investigador, que tanto bem dedicou à urbe pela qual nutria imensa afeição e dela se apegou com igual firmeza.
Pela via do “e-eternidade”, mandamos o abraço particular e nossa manifestação de
saudade ao imenso Escritor de Amor em
Tempo de Seca e estimado ex-professor. Aos sobralenses, pelas páginas deste
jornal, parabenizamos pelo que receberam em matéria de Literatura da pena refulgente
deste jornalista que percorreu livremente as trilhas da cultura em qualquer
lugar do Brasil e d’alhures.
N O T A S
(1) Texto inédito, escrito em 2003, na
oportunidade em que foi feita a publicação e lançado o livro no Ideal Clube, em
Fortaleza-CE. Agora foi ligeiramente modificado para se proceder à atualização.
(2) A fim de que não pairem dúvidas, pátria
tem aqui como uma de suas acepções [...] 2 a
parte do país em que alguém nasceu (HOUAISS; SALLES VILLAR, 2005) , de modo que pátria não é apenas a
nação, o país onde alguém veio ao mundo. Nossa pátria, ou seja, local onde
nascemos, v.g., é Palmácia-CE.
(3) Apreciamos o emprego de JAMAIS
como advérbio de modo, não advérbio de tempo. Aqui é aplicado no mesmo sentido
de especialmente, particularmente, principalmente, mormente etc.
*Vianney Mesquita
*Vianney Mesquita
Docente da UFC
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa
Escritor e Jornalista
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