A
CONQUISTA DA HEGEMONIA II
Rui
Martinho Rodrigues*
A
hegemonia ideológica se relaciona com a tradição libertária: pensadores clássicos e a Igreja.
O
pensamento libertário é sedutor. Promete emancipação. Declara a nossa
racionalidade. Lisonjeia. Promete superar o freudiano mal-estar na civilização.
Infelicidade é culpa dos limites opressivos. É o mundo em preto e branco. Tem
mocinho e bandido, vítima e algoz, identidades bem definidas, certezas,
verdadeira consciência e a promessa messiânica: emancipação.
É bom ser mocinho, combater vilões, ser “esclarecido”. Quando oportuno, nega-se a existência da verdade (não a “verdadeira consciência”); e da identidade (não a de “esclarecido”). É a dialética, “senhora de costumes cognoscitivos fáceis”. Pulsão de vida e de morte, passionalidade e outras coisinhas são desconsideradas. Alega-se que “o homem é um animal político”. Não importa que a nossa sociabilidade seja forçada pela necessidade.
É bom ser mocinho, combater vilões, ser “esclarecido”. Quando oportuno, nega-se a existência da verdade (não a “verdadeira consciência”); e da identidade (não a de “esclarecido”). É a dialética, “senhora de costumes cognoscitivos fáceis”. Pulsão de vida e de morte, passionalidade e outras coisinhas são desconsideradas. Alega-se que “o homem é um animal político”. Não importa que a nossa sociabilidade seja forçada pela necessidade.
Pensadores
clássicos muito citados, pouco lidos e menos compreendidos, ensejam pose de
sábio. Basta aludir a um renomado autor, alguns chavões e se obtém aplausos.
Não é Gramsci. Já havia sofistas entre os gregos, reduzindo tudo à retórica
relativista. Os helenos sucumbiram aos romanos. Aqueles viviam de retórica,
estes da solução de problemas. A conquista da hegemonia pelos libertários é a
vitória da deusa Bem-aventurança (Preguiça, para os desafetos), que prometia
colher sem plantar. É a derrota da deusa Virtude, que dizia: “Você só vai
colher o que plantar”.
O
Vaticano e o Clero influenciavam o Brasil. A maioria dos cardeais da cúria
metropolitana era italiana e francesa. Nestes países o partido comunista
crescia a cada eleição. A América Latina parecia a beira da revolução. A
corrida espacial favorecia a URSS. O Vaticano II veio para aderir aos
vencedores. O Clero, anticomunista, tinha tendência fascista, celebrara um
acordo com Mussolini, apoiara a Ação Integralista Brasileira.
Comunofascistas
acham que o homem não se pertence, formam partidos orgânicos, adotam o culto à
personalidade dos líderes, são messiânicos, representam o bem contra o mal, são
disciplinados, têm um inimigo a quem odiar, são irmandades, fazem pose de
superioridade moral e intelectual, tratam o homem como animal de rebanho, dizem
que os fins justificam os meios (abrindo a caixa de Pandora), negam a escolha
livre e consciente. São iguais. A Igreja adota tudo isso.
A conversão dos integralistas ao “esquerdismo” confirma a unidade comunofascista.
O Vaticano II foi a passagem de uma coisa para o que parece ser outra.
O
cristianismo é teocêntrico. O marxismo é antropocêntrico e cosmocêntrico. A
dialética concilia. Confundiram fazer o bem com a luta por um mundo melhor
(isso é outra reflexão).
Gramsci
é obscuro. Burlava a censura dos carcereiros e do PCI. Pregava a “guerra de
trincheira” (reformismo?), sem repudiar a revolução. Ambiguidade dos astrólogos
é receita de sucesso. Todos podem se ver na obscuridade do texto.
Gramsci e a hegemonia por ele pregada se beneficiaram disso.
Gramsci e a hegemonia por ele pregada se beneficiaram disso.
*Rui Martinho Rodrigues
Professor - Advogado
Professor - Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10
Nenhum comentário:
Postar um comentário