ENXUGA-GELO
Vianney Mesquita*
Três são as coisas que se me afiguram inúteis: a luz
de uma vela ao Sol, a chuva caída no deserto e a verdade proposta ao ignorante.
(Padre
Juan Arolas. *Barcelona, 20.06.1805; +Valência, 25.11.1843).

Assim
procedeu, ab ruptu, em original de
livro a que me submeteu por indicação de um colega professor, sem aduzir qualquer
razão, tampouco pedir explicações sobre as marcações procedidas, lance em que,
decerto, justificaria minhas decisões e o demoveria do intento, já então
decidido, de eludir as ditas intervenções.
Do
lado dele, este representa um comportamento, no mínimo, esquisito, eximindo-me
de referir ao esgalho filosófico a Nicômaco, porquanto ocorreu ao reverso da
normalidade, quando a parte julgou o juiz, pois a ele me submeti e não o
contrário, consoante, aliás, foi verbalmente avençado.

Impende
externar, por imprescindível, o fato de não me sentir na obrigação de devolver
o valor da retribuição, pois efetuei a atividade conforme o figurino, com todos
os efes e erres, ao modo de proceder há dezenas de anos. Isto me rendeu renome
e crédito no ecúmeno inteligente e culto, na Capital do Ceará e noutras
metrópoles, como um dos revedores preferido das universidades e institutos de
ensino superior e pesquisa.
Não
deploro, impõe-se dizer, o crédito fora da “nominata” do citado livro, feito
responsável pela revista do texto; lastimo, entretanto, depois de tanta estrada,
é o fato de experimentar a sensação de haver, conforme evoca o religioso e
poeta catalão Padre João Arolas, chovido no deserto, inflamado lamparina sob o
sol e proposto verdade a ignorantes que, como sói acontecer, sempre a rebatem.

*Vianney Mesquita
Docente da UFC
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa
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