ANASTÁCIO MAIA
E O
AÇUDE ORÓS
Cássio Borges*
Faleceu, no último sábado, em
Fortaleza, um dos engenheiros mais representativos da vitoriosa história do
Departamento Nacional de Obras contra as Secas – DNOCS. Trata-se de Anastácio Honório
Maia, o construtor do Açude Orós no início da década de 60.
Esta imensa barragem é, sem dúvida,
uma das obras da maior importância estratégica e econômica realizada pelo DNOCS
nos seus 105 anos de existência. Na época, quando inicialmente foi projetada,
era considerada como sendo uma das maiores barragens do mundo com quatro
bilhões de metros cúbicos de água.
Quem conhece o real drama das secas
no Nordeste e no Ceará, em particular, compreende de imediato a importância
estratégica desta represa, encravada em
pleno coração da região mais seca do Estado do Ceará. Os primeiros estudos para
construção do Açude Orós data de 1912 e, em 10 de outubro daquele ano, um
grande incêndio nos escritórios do DNOCS, em Fortaleza, destruiu seu primeiro
projeto e respectivos estudos.
Em 1958, um ano das mais aterradoras
secas na região nordestina, aproveitando a mão de obra dos flagelados,
iniciou-se o preparo das fundações para a construção da grande obra, de sorte
que as chuvas já as encontrassem prontas no início de 1959. À frente da equipe
estava o Eng.º Anastácio Maia. Nascia, assim, mais uma comunidade no Estado do
Ceará: o município de Orós.
Após o inverno de 1959, que foi
regular no vale do Rio Jaguaribe, o rio foi finalmente fechado. Chegou 1960 e,
como sempre, a situação era de expectativa. Será seca? Desde 1950 o Nordeste
atravessava um dos períodos mais secos de sua história. As águas do inverno de
1960 começaram a impor receios ainda nos primeiros dias de janeiro, face o
imprevisível. Chuvas em todo o interior do Estado.
Verdadeira massa humana a
revezar-se com as máquinas, objetivando elevar mais alguns centímetros a
barragem, a fim de aumentar sua capacidade e represar milhões de metros cúbicos
de água ameaçadora que chegava. Homens, meninos de todas as idades entre a
passagem de duas máquinas, de pá, picareta, enxada ou mesmo com as mãos
trabalhavam incessantemente. No Posto Fluviométrico
do DNOCS (instalado em 1911, provavelmente o primeiro da América do Sul),
localizado em Iguatu, dizia da elevação sempre crescente do nível do rio.
Não houve o terrível rompimento da barragem.
A erosão processou-se relativamente lenta no meio da barragem de terra. Estava
praticamente definida a situação. Restavam 2/3 do maciço. Viu-se, então, a
solidez da obra. O Orós comportou-se de maneira inédita. Uma vitória da
engenharia do DNOCS.
Os Técnicos daquele
Departamento tendo à frente o Engº Anastácio Maia e outros do mesmo gabarito
técnico/profissional, já estavam com planos de construir, de imediato, os
açudes Banabuiú, Castanheiro, no Rio Salgado, em Lavras da Mangabeira, e de Boa
Esperança no Estado do Piauí, as maiores obras programadas após a conclusão do
Orós.
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