A BÊNÇÃO MUNDIAL DE FRANCISCO I
Reginaldo Vasconcelos*
Reginaldo Vasconcelos*
Depois da Copa do Mundo de Futebol do "mineiraço", do encontro dos Brics em Fortaleza, e antes mesmo que nos venham as esperadas Olimpíadas, falta o "hermanito" Papa Chico agendar sua segunda visita ao Brasil.
Na Copa nos saímos muito mal, e logo depois da festejada reunião dos emergentes a letra "R" da sigla é acusada de patrocinar o abate militar de um avião comercial, com a morte de quase trezentos civis inocentes, de várias nacionalidades, inclusive dezenas de cientistas que trabalhavam contra a AIDS.
Talvez a bênção do Papa, durante a primeira viagem ao Brasil, não tenha sido forte o bastante para proteger o país anfitrião, pois a sua visita foi o único dos três eventos brasileiros sem vexame internacional no final, ou logo em seguida.
Que Francisco é virtuoso, e que a sua benção deve ser forte, a gente sabe. Mas há o grande receio é de que ele revele a distorção conhecida como “excesso de virtude”, um dos fatores do fundamentalismo político e religioso, vezo que assola a região bíblica do Planeta.
Um sacerdote tem função pastoral para com ricos e pobres, para com humildes e poderosos, para com crentes e agnósticos, para com fiéis e gentios – assim como o médico, que não pode discriminar os pacientes, nem mesmo para distinguir policial e bandido, ao aplicar a medicina. Quem quer resolver problemas políticos e socioeconômicos deve seguir outras carreiras.
Se o religioso acredita em Deus, como se supõe, ele há de admitir que todas as dores no mudo estão sob o controle divino, deixando o Pai Eterno a cada filho a oportunidade de exercitar a virtude, dentro de seu específico ministério vocacional. E a função do Papa, que pertence à seara mística, certamente não inclui promover a luta de classes.
Na Copa nos saímos muito mal, e logo depois da festejada reunião dos emergentes a letra "R" da sigla é acusada de patrocinar o abate militar de um avião comercial, com a morte de quase trezentos civis inocentes, de várias nacionalidades, inclusive dezenas de cientistas que trabalhavam contra a AIDS.
Talvez a bênção do Papa, durante a primeira viagem ao Brasil, não tenha sido forte o bastante para proteger o país anfitrião, pois a sua visita foi o único dos três eventos brasileiros sem vexame internacional no final, ou logo em seguida.
Que Francisco é virtuoso, e que a sua benção deve ser forte, a gente sabe. Mas há o grande receio é de que ele revele a distorção conhecida como “excesso de virtude”, um dos fatores do fundamentalismo político e religioso, vezo que assola a região bíblica do Planeta.
Um sacerdote tem função pastoral para com ricos e pobres, para com humildes e poderosos, para com crentes e agnósticos, para com fiéis e gentios – assim como o médico, que não pode discriminar os pacientes, nem mesmo para distinguir policial e bandido, ao aplicar a medicina. Quem quer resolver problemas políticos e socioeconômicos deve seguir outras carreiras.
Se o religioso acredita em Deus, como se supõe, ele há de admitir que todas as dores no mudo estão sob o controle divino, deixando o Pai Eterno a cada filho a oportunidade de exercitar a virtude, dentro de seu específico ministério vocacional. E a função do Papa, que pertence à seara mística, certamente não inclui promover a luta de classes.
O fato de ser o
Papa dos pobres (que é virtuoso), degenerará totalmente, caso ele se converta no
Papa contra os ricos (que seria excesso de virtude). Ele disse sonhar com “uma
igreja pobre, para os pobres”. Pergunta-se: Por que não uma igreja rica para os pobres?
A pobreza não é
o mérito dos pobres, nem é consequência da riqueza dos ricos; só se pode
combater a pobreza enriquecendo os pobres, e não empobrecendo os ricos, nivelando por baixo a sociedade.
Pensar o contrário é querer impor a paz romana. O Papa tem que defender a paz cristiana:
a César o que é de César, a Deus o que é de Deus.
Idealmente,
riqueza se produz, e se reproduz, e se multiplica, e se difunde socialmente. A riqueza não se transfere ou distribui gratuitamente. Tudo se resolve, do ponto de vista quântico, pela educação, pela pesquisa científica, pela evolução tecnológica, pela expansão econômica – enfim, pela mobilidade social das pessoas, na
via meritocrática. Não aritmeticamente, pelo garrote ideológico. As teorias em
contrário já se exauriram pela frustração da experiência.
Enfim, tomara
que Francisco I seja mesmo voltado aos desvalidos, pugnando pela caridade dos homens e pela previdência social mais ampla no concerto das nações – mas não no sentido de reverenciar e manutenir a pobreza como virtude. Tomara que ele seja atencioso com os pobres, mas
preocupado em tirá-los da pobreza. Pobreza é condição negativa eventual, a ser
revertida pela universalização das oportunidades de progresso, de evolução intelectual, de empreendedorismo. A pobreza não é classe social estanque a ser mantida; não e causa ideológica a ser defendida como dogma.
Por outro lado, é equivocado o senso
comum de que a Igreja precisa se modernizar, sob pena de continuar perdendo
adeptos. O Prof. Rui Martinho Rodrigues, um dos grandes polímatas desta terra,
defende que uma religião existe para perpetuar sua dogmática, sua liturgia,
seus conceitos místicos, seus preceitos morais, assim como vem fazendo o
budismo há milênios.
Religião não
tem que fazer o que fazem hoje os políticos, os artistas e as empresas em geral, que
para se venderem mais às massas imensas vão rebaixando a qualidade intelectual da sua produção e a mensagem moral da sua propaganda, visando o nível cultural mais tosco,
reinante na base ampla da pirâmide social – em vez de investir em bom-senso e em bom-gosto.
É notar que os movimentos internos que mais prosperam na Igreja Católica são os de renovação carismática, moralmente mais rígidos e mais conservadores, e que o êxodo dos católicos vai exatamente na direção de religiões evangélicas ou orientais mais rigorosas.
É notar que os movimentos internos que mais prosperam na Igreja Católica são os de renovação carismática, moralmente mais rígidos e mais conservadores, e que o êxodo dos católicos vai exatamente na direção de religiões evangélicas ou orientais mais rigorosas.
De fato, tudo
faz crer que os que têm sede de fé não se satisfazem com a frouxidão moral, de
modo que, pelo contrário, a relativização de seus velhos preceitos são a causa do caos que a Igreja Católica vive hoje, com a perda massiva de adeptos.
Ademais, seria também equivocado tentar recuperar a hegemonia religiosa aderindo aos líderes de massas que pugnam pela gratuita distribuição de benesses pelo Estado, sem indicar a evolução política, moral, cultural e tecnológica da sociedade, para a reprodução da riqueza e o natural compartilhamento dos bens da vida, de forma justa e meritória.
O problema do mundo não é a liberdade individual de criar, de inventar, de empreender e de enriquecer com probidade, produzindo empregos, gerando tributos, e criando confortos, a partir do conhecimento tecnológico e do trabalho organizado.
A falta de ética, a desumanidade, a ausência de espírito público, a corrução – eis a causa do drama humano, em qualquer regime econômico e em qualquer forma de governo. Infelizmente houve desonestos em todos os tempos e sempre haverá por todas as latitudes do Planeta – ricos e pobres, capitalistas e comunistas, crentes e agnósticos, católicos e pagãos.
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário