O BRASIL E OS TURISTAS
Wilson Ibiapina*
A copa da Fifa serviu
para mostrar ao mundo o nosso poder de improvisação, visto pelos visitantes
como a grande arte do brasileiro. Muita gente deste mundo de meu Deus achava
que ia encontrar apenas índios, cobras, macacos e mulheres viciadas em sexo.
Quebraram a cara quando se depararam com a beleza natural do Rio, com a
arquitetura de Niemeyer, os espaços de Brasília, as praias do Nordeste, nossa
música, a diversidade de ritmos, o sabor da rica culinária, a cordialidade do
povo.
O tratamento que os
estrangeiros receberam encantou a todos. Prestaram atenção em tudo, até na
nossa mania de tomar banho diariamente, coisa que a maioria deles não faz. Além
de limpos somos higiênicos. Não tocamos a comida com a mão, usamos guardanapo.
Escovar os dentes após as refeições é outro costume que deslumbrou a francesa
Nathalie Touratier. Almoço como principal refeição do dia virou exemplo para
holandeses ingleses e neozelandeses.O jeitinho brasileiro foi visto com
admiração pelos turistas . A importância que damos à família chamou, também, a
atenção dos visitantes. Acompanhavam avós passeando nas ruas e praças com
filhos e netos.
O abraço entre amigos ou até desconhecidos foi lembrado por
muitos visitantes que não estavam acostumados a tamanha confraternização. Lá
fora o abraço só é dado entre a família. Na Ásia, chineses, coreanos e
japoneses nem se tocam. O cumprimento é feito à distancia. O atendimento no
comércio, com os vendedores acompanhando, oferecendo produtos, é outro ponto
forte do Brasil que eles destacam como profissionalismo e cordialidade. E as
festas? As pessoas movidas à caipirinha, que virou paixão dos gringos, só vão
pra casa pela manhã, quando o Sol já ilumina tudo.
Mas nós, também, nos
encantamos com os turistas que deixam por aqui alguns ensinamentos. Os
brasileiros, por exemplo, ficaram impressionados com os japoneses catando lixo
nos estádios após os jogos. Nas redes sociais,
dizem que gostaram tanto que vão tomar uma atitude. Nos próximos jogos cada
brasileiro vai levar um japonês.
Agora, sem brincadeira, a vinda
dos turistas, além da grana que deixam por aqui, serviu para mostrar como se
comportam pessoas com costumes tão diferentes. A maior prova da impressão que
os estrangeiros causaram está na matéria que O Globo publicou. O repórter Rubem
Berta, conta que depois de um jogo da Copa, no Castelão, em Fortaleza,
encontrou um garoto de uns dez anos vendendo balas na porta do hotel onde
estava hospedada a seleção da Costa do Marfim. O garoto ajuda a mãe
desempregada:
– E aí garoto, o que
você quer ser quando crescer?
Pensando que ele ia
dizer que queria ser jogador de futebol, ficou surpreso com a resposta:
– Quando eu crescer quero ser turista. Eles falam inglês, não falam?
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ
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