terça-feira, 17 de novembro de 2015

NOTA ACADÊMICA - Laprovitera Lança Livro

LAPROVITERA 
LANÇA  LIVRO


O fabuloso Totonho Laprovitera – arquiteto, escritor, poeta, compositor e artista plástico consagrado, que tomará posse na dignidade de Membro Honorário da ACLJ na nossa próxima Assembleia Geral Ordinária do próximo dia 26, atacará brilhantemente no gênero da literatura humorística ainda este ano, lançando, em 16 de dezembro, no Ideal Clube, o livro “Causos”, com o belo prefácio que abaixo transcrevemos.  


O Riso é, ainda, a melhor saída
Aíla Sampaio*


Totonho é, sem dúvida, um herdeiro de Sherazade. Se dependesse dele, a vida se desdobraria em mil e uma noites, fazendo histórias pelos bares, pelas estradas, calçadas, ruas e até escritórios. Sim, fazendo histórias, porque, antes de escrevê-las, ele as vive. A partir de situações triviais, que enxerga por sua caleidoscópica lente do humor, ele cria quadros, lançando tintas multicores aos cenários e aos personagens.

Essa postura brejeira do nosso arquiteto-pintor-compositor já tem marca registrada entre os amigos, sua maior fonte de inspiração. Valtinho, por exemplo, já foi eternizado nas páginas de Valder Césio, histórias de um boêmio, publicado em 1995. Volta, agora, em novas peripécias, ao lado do Chiquinho, do Gera, do Gaubi, do Wiron, do Ricardo, entre tantos outros nomes que fazem (ou fizeram) parte da boemia cearense.

O riso é o leitmotiv do livro. Não o riso sarcástico, que debocha e reduz ao ridículo, mas o riso sadio, benfazejo, por vezes irônico, por vezes zombeteiro, mas são. Seguindo o princípio aristotélico de que “o homem é o único animal que ri”, ele elege seus pares e com eles monta todos os enredos, a partir da mais divina comédia humana: a vida real.

E, como dizem que quem conta um conto aumenta um ponto, Totonho viaja na sua capacidade de (re)inventar a realidade, mexer com as palavras, fazer trocadilhos jocosos, num exercício de percepção fantástico. Conta o que vê, o que escuta, o que observa, o que vive, sem cerimônia, sem sóbrios pudores com as palavras. Aliás, esse é um dos pontos altos do livro: o discurso flui espontâneo, em linguagem coloquial e popular, com registros de variantes regionalistas, o que torna verossímil seus enredos e mais engraçadas as piadas, as tiradas cômicas extraídas de acontecimentos comuns.

Além das histórias de humor, há recortes de momentos de realização pessoal e referências a pessoas que marcaram a vida do autor, em textos memorialistas que encantam pela emoção. Divide-se, assim, a estrutura da obra em dois blocos: o verde, com narrativas engraçadas de conversas de bar, de rua, viagens e papos entre amigos; são contos, minicontos e piadas sem a acidez do escárnio. Na segunda parte, representada pela cor azul, que simboliza a sensibilidade, constam os registros de momentos mais ‘sóbrios’, declarações de afeto e alguns versos pertinentes aos relatos.

Mas é o bom humor a tônica geral, bem como a descontração, a espontaneidade e a consciência de que o riso é coisa séria, muito séria para quem vive de bem com a vida. Bergson disse que “não há comicidade fora daquilo que é propriamente humano”. De fato, a matéria primordial dos relatos são as pessoas; são elas que fazem surgir em Totonho a verve de comediante tão prodigiosa em nosso estado, haja vista os tantos nomes surgidos desde Quintino Cunha. Blindados pela alegria, seus personagens saem dos mais diferentes lugares para desbravar o mundo da imaginação. Há sempre um motivo para comemorar a vida, por isso, a cerveja, o rum, a cachaça e/ou o uísque são imprescindíveis. Regam a criação. O prazer de conviver é o que conta, e tudo se transforma em motivo para um brinde.

Sem ilustrações, as histórias projetam imagens por meio das palavras, dando ao leitor a oportunidade de também viver as cenas, simular os movimentos, sentir os cheiros. A fidelidade do autor ao seu próprio repertório é de tal forma evidente que, ao lermos, temos a sensação de reconhecer a própria voz dele falando, o que torna muito familiares todos os acontecimentos contados, portanto, a partir de então, ficcionais. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas não será mera coincidência, mas o pincel, ops, o teclado do criador, deu-lhes novos contornos. Todos aqui são reais fora dessas páginas; aqui dentro, porém, são apenas seres de papel.

Além do riso e do registro de emoções, o livro sedimenta, no imaginário do leitor, cenários atuais, e resgata a memória da cidade ao evocar cenas passadas no Restaurante Gabriella, no Colégio São João, na Cobal ou mesmo num Ford Galaxie Landau. De João Pessoa ao Rio de Janeiro, passando por Viçosa, Sobral, Várzea Alegre e Camocim; do Mondubim ao Alto do Bode, o espaço se alarga para dar passagem à caravana da alegria. Nada oficial. Nada oficioso. É a vida se desenhando em verde e azul, em todas as matizes e nuanças que a alegria possa traçar no coração de quem sabe que rir é, ainda, a melhor saída em todas as situações.

*Aíla Sampaio
Poetisa – Literata
Professora do Curso de Letras da Unifor



CAUSOS - APRESENTAÇÃO

Contando passagens verdadeiras ou não, Causos são histórias narradas com leveza e bom humor.

A decisão de publicar um livro mostrando minhas histórias ocorreu pela sugestão e incentivo de muitos e generosos amigos. Ora, já não era sem tempo, pois o livro é uma coletânea de textos escritos durante anos.

Pegada a devida corda, neste alfarrábio procurei contar episódios que vivenciei – alguns com um certo exagero – e outros que inventei – com grande moderação. Mas, juro, o meu jeito de contar as coisas não tem a preocupação de apartar a verdade da mentira, não. Pois, como falava Pablo Picasso, “A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade”.

Bem, sendo breve, mais do que ficar na peleja da apresentação do Causos, arrisco-me na ousadia do livro mostrar-se por si mesmo.

Boa leitura, então.

Totonho Laprovitera 

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