domingo, 15 de novembro de 2015

ARTIGO - Cabeças Vazias (HE)

CABEÇAS VAZIAS
Humberto Ellery*


Escrevi um post no início de setembro, a que dei o título de “As Três Fomes” (uma série de ações que poderiam fazer parte  de um projeto de pacificação mais abrangente a ser levado a cabo pela ONU). Meu intuito é lembrar que o chamado Estado Islâmico (EI), infelizmente só poderá ser derrotado através da força bruta.

Há muito venho repetindo que fazer bombardeios aéreos, além de matar inocentes, é quase inócuo, como vimos no Vietnã.

Lá os americanos venciam a guerra aérea (para cada avião de caça americano abatido eles derrubavam dez aviões inimigos), com seus enormes B-52 despejando toneladas de bombas destruíam completamente a infraestrutura de estradas, pontes e fábricas de munição vietcongs.

Mas, quando iam colocar “the boots on the ground”, com ocupação de infantaria, o espertíssimo Ho Chi Minh propunha negociações de paz, fazia-se um “cease fire”, que dava tempo aos vietcongs (com substancial ajuda soviética) para refazer toda a infraestrutura destruída e recomeçar as hostilidades.
 
Apenas entre 65 e 68 mais de um milhão de toneladas de bombas foram lançadas sobre os alvos inimigos, na operação “Rolling Thunder”, sem nenhum resultado prático. Um oficial de alta patente chegou mesmo a dizer que “esta é uma guerra política, em que uma faca é mais eficiente que um avião”.

Em termos de perdas de vidas humanas, enquanto em Washington DC temos aquele belíssimo muro de granito negro com os nomes dos 58.000 soldados americanos mortos em combate, lá no leste asiático jazem sem tumba e sem nome mais  de quatro milhões de vietnamitas e cerca de dois milhões de cambojanos e laocista, uma enorme ninguenzada de combatentes acrescida de mulheres, crianças, velhos e civis inocentes, vítimas da estupidez humana. 

Mesmo com essa grande desproporção os EUA perderam a guerra. Após a guerra, em 1976,  o Vietnã destruído, suas terras arrasadas pelas terríveis bombas de Napalm, chamado “agente laranja”, pediu socorro ao resto do mundo para a reconstrução do país. Excelente oportunidade para fazer um novo Plano Marshall (contemplando ações de combate às Três Fomes).

O que fez Jimmy Carter? Não só negou ajuda como convenceu o ocidente a virar as costas para os asiáticos. A União Soviética foi lá, ajudou a reconstrução, e conquistou “corações e mentes”, o que lhe custou o afastamento de China (mas isso já é outra história).

No caso do Estado Islâmico, só com a destruição completa dos fanáticos seguidores do psicopata Abu Bakr Al-Baghdadi teremos a paz, e para isso “uma faca é mais eficiente e seletiva que uma esquadrilha inteira”.

Evidentemente não seria em apenas três ou quatro parágrafos que uma das guerras mais complexas em termos políticos, como a do Vietnã, poderia ser resumida, apenas pincei dois ou três episódios que serviram de comparação ao que está se passando na região da Síria.
A sugestão da Presidente Dilma, apresentada em New York em setembro de 2014, foi de que “...a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU”. Sugiro então que ela vá dialogar com o Estado Islâmico. Afinal, ela não tem nada a perder, pois eles apenas arrancam a cabeça das pessoas... 





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