CABEÇAS VAZIAS
Humberto Ellery*
Escrevi
um post no início de setembro,
a que dei o título de “As Três Fomes” (uma série de ações que poderiam fazer
parte de um projeto de pacificação mais abrangente a ser levado a cabo
pela ONU). Meu intuito é lembrar que o chamado Estado Islâmico (EI), infelizmente
só poderá ser derrotado através da força bruta.
Há
muito venho repetindo que fazer bombardeios aéreos, além de matar inocentes, é
quase inócuo, como vimos no Vietnã.
Lá
os americanos venciam a guerra aérea (para cada avião de caça americano abatido
eles derrubavam dez aviões inimigos), com seus enormes B-52 despejando
toneladas de bombas destruíam completamente a infraestrutura de estradas,
pontes e fábricas de munição vietcongs.
Mas, quando iam colocar “the
boots on the ground”, com ocupação de infantaria, o espertíssimo Ho Chi
Minh propunha negociações de paz, fazia-se um “cease fire”, que dava
tempo aos vietcongs (com substancial ajuda soviética) para refazer toda a infraestrutura
destruída e recomeçar as hostilidades.
Apenas
entre 65 e 68 mais de um milhão de toneladas de bombas foram lançadas sobre os
alvos inimigos, na operação “Rolling Thunder”, sem nenhum resultado prático. Um
oficial de alta patente chegou mesmo a dizer que “esta é uma guerra política,
em que uma faca é mais eficiente que um avião”.
Em
termos de perdas de vidas humanas, enquanto em Washington DC temos aquele
belíssimo muro de granito negro com os nomes dos 58.000 soldados americanos
mortos em combate, lá no leste asiático jazem sem tumba e sem nome mais
de quatro milhões de vietnamitas e cerca de dois milhões de cambojanos e
laocista, uma enorme ninguenzada de combatentes acrescida de mulheres,
crianças, velhos e civis inocentes, vítimas da estupidez humana.
Mesmo
com essa grande desproporção os EUA perderam a guerra. Após a guerra, em
1976, o Vietnã destruído, suas terras arrasadas pelas terríveis bombas
de Napalm, chamado “agente laranja”, pediu socorro ao resto do mundo para
a reconstrução do país. Excelente oportunidade para fazer um novo Plano
Marshall (contemplando ações de combate às Três Fomes).
O
que fez Jimmy Carter? Não só negou ajuda como convenceu o ocidente a virar as
costas para os asiáticos. A União Soviética foi lá, ajudou a reconstrução, e
conquistou “corações e mentes”, o que lhe custou o afastamento de China (mas
isso já é outra história).
No
caso do Estado Islâmico, só com a destruição completa dos fanáticos seguidores
do psicopata Abu Bakr Al-Baghdadi teremos a paz, e para isso “uma faca é mais
eficiente e seletiva que uma esquadrilha inteira”.
Evidentemente
não seria em apenas três ou quatro parágrafos que uma das guerras mais
complexas em termos políticos, como a do Vietnã, poderia ser resumida, apenas
pincei dois ou três episódios que serviram de comparação ao que está se
passando na região da Síria.
A
sugestão da Presidente Dilma, apresentada em New York em setembro de 2014, foi de que “...a
melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU”. Sugiro
então que ela vá dialogar com o Estado Islâmico. Afinal, ela não tem nada a
perder, pois eles apenas arrancam a cabeça das pessoas...
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