EU QUERO É CEGAR
Paulo Maria de
Aragão*
O governo pode gastar um dinheirão com bolsa família, mas “quero é cegar se o Lula e a Dilma não
sabiam de toda roubalheira na Petrobras,
tenho a certeza que nem da morte”. O exaltado frequentador do bar da Gentilândia não deixava por menos: “Só mesmo um
imbecil acredita na história do Lula, conversa para boi dormir, de que nunca ouviu nada, não viu nada, não soube de nada”.
Lula tem um nível de inteligência acima da média. Sabe de tudo na política:
é muito esperto. Há de se ver que o maior volume de escândalos sucedeu no seu
governo, e deles nada sabia? Se não soubesse de tudo seria um fantoche. E onde
estavam seus ministros e assessores? Hoje, o nível de informações é
extraordinário e não dá para engabelar.
A história do rombo na nossa petroleira jamais poderia ser ignorada por
Lula nem por Dilma. O que dizem não passa de um deboche contra a boa-fé do
contribuinte. Os fatos e a razão das coisas desmentem “o nada sei”, que mais tarde poderá ser classificado como um emblemático
episódio de Troncoso.
Porém, a responsabilidade do ex e da atual Presidente é de uma gravidade
indesmentível (Estadão editorial 14.11.14). Em janeiro de 2010, quando Lula Presidente e Dilma chefe da Casa Civil,
aquele vetou os “dispositivos da lei orçamentária aprovada pelo Congresso que
bloqueavam o pagamento de despesas de contratos da Petrobras tidas como
superfaturadas (TCU)”. Neste sentido, se empenhou em justificar sua decisão na
mensagem de veto nº 41, de 26.01.10, encaminhada ao Congresso.
Dessa maneira, Dilma
não poderia estranhar o acórdão do TCU que apontou “as graves irregularidades
em obras da Petrobras, vetando os dispositivos da lei orçamentária que,
acatando a recomendação do Tribunal de Contas, impediam os repasses
considerados superfaturados. Só com isso, Lula permitiu a liberação de R$ 13,1
bilhões para quatro obras da Petrobras, dos quais R$ 6,1 bilhões eram
destinados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco”.
Há pessoas que se acostumam a ouvir mentiras de políticos como fato
natural. Uma verdade, dura e amarga, mas sempre verdade que afronta o bom
senso. Incrível: mas não se pejam, nem a
Presidente quando diz que os escândalos da Estatal vêm à tona porque ela “manda
investigar”. Ora, ela não dá ordens diretas ao TCU e ao Ministério Público – são entes que não lhe são subordinados.
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