quinta-feira, 8 de junho de 2017

CRÔNICA - A Risível Tese Conspiratória (HE)


A RISÍVEL TESE CONSPIRATÓRIA
Humberto Ellery*



Durante minha caminhada matinal na Avenida Beira Mar, encontrei um amigo que havia muito não via. Professor da antiga Escola Técnica, hoje chamada Instituto Federal de Ensino Superior, petista até a medula, abriu um largo sorriso e, referindo-se ao Aécio, perguntou de chofre se eu estava convencido agora de que todo político é ladrão, e que todos os partidos são iguais ao PT.

Respondi que não concordo com nenhuma das duas afirmações. Em primeiro lugar, reafirmei o meu antigo posicionamento quanto à fé que mantenho na classe política, a meu ver injustamente enlameada, citando inclusive vários políticos do próprio PT que julgo honestos e dotados de espírito público. Em seguida mostrei a ele que ainda não vi nenhum eleitor do Aécio gritando, apoplético: “Aécio - guerreiro do povo brasileiro!”.

Mesmo  não sendo eu tucano (não acredito no socialismo fabiano, aliás, nem no socialismo utópico de Proudhom, nem no socialismo “científico” do Marx) eu votei no Aécio porque vi nele um grande administrador, como o foi no Governo de Minas Gerais, e era a opção contra a Dilma e o PT.

Outra diferença fundamental que observei foi que, tão logo surgiram as denuncias contra o Aécio, antes que ele tivesse a chance de exercer sua defesa,  se explicar, expor seu contraditório, usufruir da sua “presunção de inocência”, fundamental num Estado Democrático de Direito, foi sumariamente afastado da presidência do PSDB.

Enquanto isso o PT, numa inversão completa de valores, colocou na sua presidência uma ré, esposa de um réu, a “bonitinha, mas ordinária”. Aliás, o PT me lembra um dos melhores filmes que assisti na minha vida, com o magistral Marlon Brando, “Sindicato de Ladrões”.

Para completar a estupidez, meu amigo, portador, em elevado grau, da chamada “cegueira ideológica”, afirmou que o Brasil entrou em recessão por culpa, não da Dilma, mas dos empresários que forçaram e forjaram esse clima, apenas para derrubar da presidência uma mulher honrada, eleita legitimamente com 54 milhões de votos.

Aí fui obrigado a concordar com ele (rs rs rs) (Luiz Fernando Veríssimo defende também essa tese irretorquível). Cerca de 260.000 empresários se combinaram assim: “Pessoal, vamos quebrar nossas empresas, colocar na rua da amargura do desemprego 14 milhões de pais-de-família, para derrubar a Dilma”.

A propósito, lembrei até da afirmação do grande Adam Smith: “Quando muitos empresários se reúnem é sempre para planejar maldades contra a classe trabalhadora”.

Fiquei constrangido de perguntar se eram essas as lições que o meu amigo dava aos seus alunos... mas já imagino.

Pobre educação brasileira! Pobre Brasil!


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