SOBRE A ORIGEM
DOS NOSSOS INDÍGENAS
Reginaldo Vasconcelos*
Dentro do tema racial que Wilson Ibiapina
feriu eu seu artigo abaixo sobre os índios brasileiros, chama muita atenção no
mundo todo o caso dessa moça americana, Rachel Dolezal, que, sendo branca, se
fingia de negra, pelas mais nobres razões, já que visava se integrar, mais
confortavelmente, em ativismo antirracista. E foi desmascarada em sua farsa
pelos seus próprios pais.
Os pais de Rachel não são racistas, tanto
assim que no passado adotaram quatro crianças negras como filhas. O que os
moveu a denunciá-la foi a sua elevada consciência legalista, pois os incomodava
ver a filha incorrendo em flagrante e desnecessária falsidade ideológica.
Registre-se, antes de tudo, essa tendência
moderna de se legitimar – legal, social e até cirurgicamente – uma realidade
paralela sobre a condição original do indivíduo que resolver não ser aquilo
que, ao nascer, era de fato – e que biologicamente continuará a ser até a morte.
Por exemplo, crianças de fisionomia
oriental ou de fenótipo africano são adotadas por pais brancos, e vice-versa, e
adquirem todos os direitos garantidos aos seus filhos consanguíenos. Nada mais
justo. Nada mais civilizado.
Mas, a partir de então se torna
politicamente incorreta qualquer observação, qualquer especulação, qualquer mínima
referência à gritante diferença física na família. Instala-se uma irrealidade
genética intocável, um tabu, como um ridículo segredo de polichinelo. Tolice. Este cronista tem mulher indígena e filho negro, sem qualquer constrangimento em admiti-lo.
Por outro lado, tem-se entendido que
meninos que queiram ser tratados como meninas nas escolas devem sê-lo
incontinenti – sob pena de se presumir prática de boolling – isso sem que tenha havido mudança oficial de gênero no
registro civil da criança, ou operação de mudança de sexo que pelo menos aproxime a realidade
pretendida. Então, as pessoas se obrigam a ver pedra e fazer de contas que é
tijolo, praticando uma mentira social institucionalizada. Estranho.
Pior ocorre com os grandalhões de até
dezessete anos e onze meses de idade, que perante a legislação penal são
criancinhas inocentes que não sabem o que fazem, e portanto são inimputáveis –
quando consomem drogas, roubam, agridem, estupram e matam, não raro outros
meninos – e têm até o discernimento legalmente reconhecido para votar nas
eleições. Disparate.
Especialmente estranhável o caso da
referida americana branca que se passava por negra, porque inaugura uma tendência
inovadora. Até aqui acontecia muito o contrário, haja vista o cantor Michael
Jackson, que fez um sem número de operações plásticas e descoloriu a própria pele,
quimicamente, para adquirir feições de branco.
Aliás, pode-se perceber que os negros
americanos modernos mantêm os cabelos ultracrespos de seu biótipo natural, quando
não preferem raspar a cabeça, enquanto suas mulheres, via de regra, a começar
pela Primeira Dama Michelle Obama, estiram os cabelos e fazem penteados
idênticos aos das eurodescendentes.
Mas, enfim, quero concluir acrescentando
informações científicas relevantes sobre a origem dos autóctones brasileiros,
abordados pelo confrade Wilson Ibiapina em seu excelente artigo abaixo, em que
trata da aparente descendência oriental dos nossos índios e apresenta uma industriosa teoria
livresca segundo a qual chineses componentes de uma esquadra exploratória do
Século XVI teriam trazido às Américas e deixado ali a sua genética.
Sem fugir da teoria cada vez mais aceita de
que tribos orientais tenham chegado ao continente americano na pré-história atravessando
o Estreito de Bering, seja por ocasião
de um glacial que congelou o mar, ou por navegação rudimentar, tenho lido que
os recentes estudos de DNA hão encontrado evidências espantosas.
Até recentemente não se sabia muita coisa
sobre o povo que habita a Oceania, o último continente a ser ocupado e colonizado
pelo expansionismo europeu, na época dos descobrimentos.
Designados simplesmente como “aborígenes
australianos”, os habitantes insulados daquela ilha continental têm cabelos
ulótricos, que funcionam como isolante térmico, narizes largos, para esfriar o
ar aspirado, e pele escura, para proteger da insolação, características semelhantes
às dos povos africanos.
Pois ossos antiquíssimos encontrados na América
e no território da atual China apresentaram simetria genética com os aborígenes
da Austrália, o que leva à conclusão de que eles foram hegemônicos no passado.
Tanto na China quanto nas Américas eles teriam sido atacados e exterminados por
mongóis em tempos pré-históricos, o que teria dado origem à etnia chinesa e às
populações bugres americanas. Por sinal, sabe-se hoje que a Muralha da China foi erguida na antiguidade para evitar novas invasões violentas da etnia de Genghis Khan, com seus exércitos equestres, contra as populações pacificadas.
Essa teoria é reforçada pelo fato de que os
mongóis, historicamente, foram povos muito andejos e guerreiros, crudelíssimos
com os seus adversários, enquanto os aborígenes australianos são inteiramente
pacíficos, infensos à cultura da beligerância, tão inofensivos quanto os
cangurus e os coalas. Remanesceram na Oceania porque ali os mongóis não os
alcançaram.
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da
Cadeira de nº 20 da ACLJ
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