LEMBRANÇA ALEGÓRICA
Régis Kennedy Gondim Cruz*
Chamei em volta do meu frio leito/As memórias melhores de outra idade,/Formas vagas que a noite, com
piedade, /se inclinam, a espreitar sobre o meu peito ... (ANTERO Tarquínio DE QUENTAL.
Y†Ponta Delgada, 18.04.1842 - 11.09.1891
– 49 anos).
Lembro-me,
como quem faz com o Creio-em-Deus-Pai, de uma consulta feita por certo homem ao
meu pai.
Dentista
prático, o Sr. Reginardo Ferreira da Cruz, meu genitor, zelava em demasia pelos
tratos orais de que cuidava. Fazia-o, porém, com as bocas, transpondo a resina,
o amálgama e a guta-percha, pois, de forma sutil, combatia, também, as cáries lexicais proferidas por um ou da parte
de outro paciente desatento.
Com
o homem desta reminiscência ocorreu diferente, pois a restauração vocabular
procedeu ao reverso – do paciente para o ortodontista. Não que o Dentista tenha
incorrido em desatino lexicológico ou expressional, mas que, como numa mordida
destorcida o corte resta imperfeito, a palavra sempre está à demanda dA
Palavra.
Não
me recordo (já faz algum tempo) do assunto abordado naquele dia iluminado,
porém experimento, hoje, a satisfação de ter o paciente de Seu Reginardo Cruz (Y 21.09.1913-†01.04.1995) como meu consultor
– conforme ele próprio expressou num de seus artigos, enaltecendo vários de
seus pares com quem afasta dúvidas – consultor padrão-ouro: o Prof. Vianney Mesquita.
Este
costuma ultrapassar o vocábulo escorreito, pois, de uma boca saudável, nem
sempre, procede um sorriso perfeito. Necessário se faz, por consequente, que a
língua seja cultivada e preservada como as fundações de um dente.
*Régis Kennedy Gondim Cruz
Docente da rede pública estadual do Ceará e
municipal de Fortaleza
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