INFUNGÍVEL
Reginaldo Vasconcelos*
Recebo
das mãos de Wilson Ibiapina, diretamente de Brasília, acondicionado em elegante
caixa de exata dimensão, envolta em fita dourada amarrada por um laço, o que se
podia imaginar serem chocolates finos. Todavia, revelado o conteúdo, semelha
ser um livro – mas já de plano indicando algo vintage.
É
um livro, a priori, mas não é um
livro comum. E, por fim, é mais que um livro: é uma pequena obra de arte. O título
é 3 CONTOS DE RÉIS, e comporta exatamente três narrativas fabulosas, rapsódicas,
tendo como cenário onírico a paragem pernambucana em que nasceu o escritor,
hoje jornalista radicado no Distrito Federal.
Bartolomeu Rodrigues é o nome do conduto iluminado pelo qual os duendes da mais delicada inspiração fizeram fluir o conteúdo e a forma dessa contida obra de 165 páginas, em catito formato dezenove por doze, de capa dura em cuchê marmóreo, com direito a fita de marcação e à pintura magenta que caracterizava os antigos breviários, contornando a parte externa do miolo do tomo.
Bartolomeu Rodrigues é o nome do conduto iluminado pelo qual os duendes da mais delicada inspiração fizeram fluir o conteúdo e a forma dessa contida obra de 165 páginas, em catito formato dezenove por doze, de capa dura em cuchê marmóreo, com direito a fita de marcação e à pintura magenta que caracterizava os antigos breviários, contornando a parte externa do miolo do tomo.
Enfim, obra de finíssimo lavor, editada pelo próprio autor Bartolomeu
Rodrigues, com o adjutório precioso do diagramador Licurgo Botelho e do
ilustrador Jader de Melo – frisa-se, impressa em São Paulo “na primavera de
2013, pela RR Donnelley Moore" – e que ninguém aqui se perca pelo nome, tudo
liricamente rimando com essa delicatéssen
literária.
Mas
ao consumir o conteúdo – os contos “Laje dos Gatos”, “A Invasão dos Sapos” e “Se
eu morrer, Você Vai Ficar Triste?” – tenho a sensação de que não era de todo
falsa a primeira impressão que tive ao receber de presente aquela caixa e seu
mistério. O que se continha nela não deixa de ser, por analogia sinestésica, três finos
bombons de cacau – um mais amaro, um mais trufado, um mais amanteigado. Com a
vantagem de que, no caso do livro, um bem de natureza durável, o seu consumo é
infungível.
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