JUAZEIRO É UM MUNDO,
DO ESCRITOR RENATO CASIMIRO*
DO ESCRITOR RENATO CASIMIRO*
Vianney Mesquita**
O mundo criado não passa de meros parênteses na eternidade. (Thomas Alexander Browne. *Londres,06.08.1826; South Yarra – Melbourne, Victoria, Austrália, 11.03.1915).
Fortaleza-CE, 7 de novembro de 1997
Prof. Renato Casimiro,
amigo.
Pax Domini, sit semper vobiscum.
Li, com inusitada
satisfação, suas linhas acerca do culto e belo Cariri, no Juazeiro é um Mundo, Coleção Mossoroense, 1997.
Folgo com saber que
você cultua memórias com as letras de um sentimento real, absolutamente
verdadeiro. Evoco, por exemplo, quando ainda fedelho dado a bacorejar a
história, a conhecida affaire
patrocinada por Wilson Roriz, a que esse cronista se reporta com rara
felicidade, pondo a ressalto as informações relevantes e valorizando eventos
aparentemente sem importância.
Apreciei,
sobremaneira, a correção e a clareza do seu texto cristalino, com o fausto
linguístico de quem privou da companhia do marlhesense Marcelino José Bento
Champagnat, como ocorreu comigo (só em relação à educação marial – ad Jesus per Mariam), noutra ambiência –
no Juvenato São José, naqueles cariris dos anos cinquenta (Missão Velha),
pescado e conduzido pelo Irmão Joachim, que catava meninos por todo o orbe
cearense (Irmão Louis Joachim, no século Antonin Émile Cayard).
Aliás, os Maristas
ainda pontilham o mundo com aquela instrução francesa de qualidade, um pouco
menos no Brasil, ex-vi de uma relação
simbiôntica de democracia e permissividade. Sem dúvida, entretanto, com o
concurso de nacionais como o prezado amigo, portador de apreciados predicativos
morais e intelectuais, haveremos de atravessar o Rubicão algum dia.
Você é escritor de
fôlego intenso e nos está devendo é um número monográfico – como uma história
eclesiástica de Juazeiro do Norte, por exemplo – em que exteriorize todo o
vigor de quem, propedeuticamente, conviveu com Dom Bosco, antes de adentrar
universidades, percorrendo todos os estádios formais de reciclagem e
especialização, até o pós-doutoramento (Em 2014, Renato Casimiro já não deve o
objeto desta cobrança, pois pagou com juros e pesada correção, com a publicação
de livros massudos em continente e
espessos em teores).
Não cogito em assacar
críticas à sua temática mista de crônicas, histórias e lérias, expressas em Juazeiro é um Mundo, cujas restrições
principais são de continente, pois com muitos defeitos de natureza editorial e
estética. Não é bom o papel, é sofrível a impressão. Há sérios problemas de
revisão, as páginas se soltam porque a cola é ruim e a brochura é inconsútil...
e uma porção de imperfeições que um escriba como você não merece.
No que mais interessa,
contudo, o continente é salvo pelo conteúdo. Pior teria ocorrido, como sucede a
miúdo, caso houvesse se registrado o contrário: verdadeiro sepulcro caiado, expediente muito utilizado pelos medíocres,
useiros e vezeiros engabeladores do leitor.
Deixo de evasivas,
porém, para transmitir-lhe sinceros emboras por esta publicação fruto do seu
labor de espírito, o que admira na sua condição de homem de ciência e de
pesquisa básica. O conhecimento, muita vez, nos ensina a sermos frios,
desprovidos de coração, avessos a vigílias imateriais, não afeiçoados à
apreciação do belo-útil. Todas as pessoas precisamos manifestar expressões
d’alma, pois responsáveis por quem cativamos – para evocar Antoine de Saint
Exupéry. E eu, desse cativeiro não pretendo alforria,
caudatário que sou, de ora em vante, dos seus escritos, um bem-aventurado
leitor de Juazeiro é um mundo.
A vida é curta e nos encontramos tão pouco!
É uma pena!
Grande abraço.
V.M.
(Ligeiramente
modificado de Fermento na Massa do Texto.
Sobral: Edições UVA, 2001)
** Renato Casimiro
Escritor, Pesquisador, Historiador, Memorialista
Escritor, Pesquisador, Historiador, Memorialista
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