MINISTÉRIO PATROCINA
LIXO CULTURAL
Vicente Alencar*
A cada dia que passa nos deparamos com fatos
absurdos, com decisões tortas, posicionamentos sem nexo, por parte do Governo Federal.
E o pior: os governantes querem fazer com que o povo
os acompanhe “cordeiramente” no vastíssimo deserto de ideias e de sabedoria, nesta
República dos Apedeutas.
Jamais pensei que
seria “testemunha ocular da história” de tantos absurdos governamentais. Já há
alguns meses, recebi uma informação, daquelas capazes de fazer estremecer o
Frade de Pedra que dá nome ao Itapajé, que pensei fosse mais uma
"fofoca" cibernética, ou, como se diz atualmente, "mais um dos
nós da Internet".
O Ministério da Cultura contratou uma escritora
para reescrever Machado de Assis, um verdadeiro
crime de lesa-pátria por meio da literatura nacional. A escritora, que atende
por Patrícia Secco, conseguiu convencer as autoridades brasileiras de que o fundador
da Academia Brasileira de Letras escreve difícil, afirmando: "Entendo que os jovens não gostam de Machado
de Assis. Os livros dele têm cinco ou seis palavras que não entendem, por
frase. As construções são muito longas". Que tristeza! Que realidade
miserável!
Diz Patrícia que reescreverá a Obra de Machado
de Assis, para facilitar a interpretação das pessoas que nunca leram o Mestre. E,
observem, o Ministério da Cultura usa a Lei Rouanet para financiar um projeto
de “incultura”, que vai editar 600 mil livros.
Pedro Henrique Saraiva Leão, médico e renomado
escritor, ex-presidente da Academia Cearense de Letras e da Sociedade Brasileira
de Médicos Escritores, sempre que conversa com alguém e percebe que a pessoa
sabe falar com correção e fluência, sai-se com esta: "Fez um bom primário".
Agora, perguntamos: será que essa moça que pretende reformar Machado de Assis fez sequer “um bom fundamental” ?
Dentro de pouco tempo, se confirmada a agressão
ao texto do escritor, e à literatura brasileira, por certo tentarão fazer a
mesma coisa com os textos de José de Alencar, Coelho Neto, Castro Alves,
Gonçalves Dias, Rui Barbosa, Humberto de Campos e tantos outros.
Somente de uma cabeça vazia poderia sair uma
ideia dessas. Onde estará a Sra. Ministra da Cultura, com os seus afazeres de
grande importância, para dar ouvidos e concordar com tamanha anomalia?
Já se sabe que a primeira obra a ser maculada
será "O Alienista", publicada em 1882. Será que as pessoas daquela
época eram mais inteligentes que as de hoje? Pela evolução natural das coisas
as pessoas de hoje deveriam ter mais capacidade. Não se admite que culturalmente
caminhemos em sentido contrário aos ponteiros do relógio, crescendo para baixo
como as caudas dos cavalos.
Vade retro Satanás! Ausente-se da minha terra! Não transforme em lixo a nossa melhor literatura.
*Vicente Alencar
Jornalista e Radialista
Presidente da UBT -
FORTALEZA
Titular da Cadeira nº 27
da ACLJ
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