terça-feira, 15 de dezembro de 2015

CRÔNICA - Fortaleza, Cidade Ingrata (DSF)

FORTALEZA,
CIDADE INGRATA
Dorian Sampaio Filho


Minha Fortaleza, embora seja conhecida como a capital da hospitalidade, tem também sua porção de cidade ingrata.

Uma recente discussão ocorrida em sua Câmara Municipal deixou isso muito claro. Um vereador apresentou um projeto para denominar uma simples escola com o nome de Juraci Vieira de Magalhães, ex-prefeito, morto em janeiro de 2009, e foi voto vencido. Para mim, a gota d’água deste mar de ingratidão...

Não entendo o porquê dessa cidade, através de seus representantes, digníssimos vereadores, ainda não terem se manifestado com uma homenagem de proporção merecida ao seu grande, senão o maior, prefeito, o Dr. Juraci.

Sua administração mudou o perfil de Fortaleza. De cidade acanhada, passou a ser vista como uma verdadeira metrópole. Juraci abriu novas artérias, alargou avenidas, construiu viadutos, modernizou o sistema de transporte urbano com a criação de terminais, revitalizou o centro com a nova Praça do Ferreira, inaugurou quadras de esporte nos quatro cantos da cidade, criou as Secretarias Executivas, aproximando a administração da comunidade. 

E, por fim, inaugurou o polêmico aterro da praia de Iracema. Obra bastante criticada à época pelos ambientalistas de plantão, mas que hoje representa o local em que são realizados os mais importantes eventos populares da cidade. Bem que o aterro poderia ser batizado oficialmente com seu nome...
 
Enfim, Juraci mudou a nossa cidade. Tanto é verdade que, consciente do trabalho realizado ainda no seu primeiro período como prefeito, foi à luta em busca da reeleição com uma aprovação quase que unânime e dando-se ao luxo de se expor perante a população com um slogan arrojado e desafiador: “Se quer conhecer uma obra de Juraci, então abra a sua janela”.

Lembramos ainda que, mesmo com a explosão de obras ocorrida em decorrência da copa do mundo de 2014, em que muitas personalidades foram homenageadas para nominar os novos espaços públicos criados, como túneis e viadutos, Juraci, que deveria ser homenageado em cada esquina, continuou no total esquecimento.

Nomes como os de Barros Pinho, Celina Queiroz, Demócrito Duma, Jackson Pereira, Edson Queiroz Filho e Antônio Martins Filho, entre outros, que foram lembrados na ocasião, são realmente merecedores de nossas homenagens pelo que fizeram para ilustrar a história recente de Fortaleza. Mas porque deixar de fora o nome do Dr. Juraci? 

Questiúnculas políticas ou politiqueiras à parte, precisamos urgentemente reparar essa falha. Com a palavra, o poder Legislativo Municipal.


NOTA DO EDITOR:

Uma sociedade que tem futuro é aquela que mantém a memória do passado. É de fato lamentável essa conduta tacanha da edilidade desta Capital, principalmente aos olhos de entidades como a nossa ACLJ, que primam pelo registro histórico da vida cearense, seja nas suas letras e artes, seja no resgate de suas grandes personalidades do passado.

Nesse ponto merece louvores ao presidente da OAB-Ce, o Dr. Valdetário Monteiro, que resolveu dar à praça construída defronte à nova sede da instituição, no Bairro Edson Queiroz, o nome de Jader Moreira de Carvalho, o grande advogado, jornalista, poeta e político cearense, falecido em  1985.

Jader de Carvalho é Patrono Perpétuo da Cadeira de nº 01 da ACLJ, cujo titular e fundador é um de seus filhos, o Senador Cid Carvalho. Com essa atitude, Dr. Valdetário corrigiu uma longa injustiça do nosso Município para com aquela notória figura, autor de Terra Bárbara:

Eu nasci nos tabuleiros mansos do Quixadá e fui crescer nos canaviais do Cariri, entre caboclos belicosos e ágeis. Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, eu sou o índice do meu povo”. (Fragmento)

Aliás, a entidade decidiu homenagear o confrade da ACLJ Paulo Maria de Aragão, falecido no dia 1º desde mês de dezembro – advogado, jornalista e professor. A proposição foi de membros do Conselho Estadual da OAB cearense, da qual o homenageado foi integrante. Pelo que consta, o pleito original era pelo nome do prédio da nova sede, e a instituição vai dar seu nome ao auditório. De toda sorte, um gesto de grandeza.

A propósito, a Associação Cearense de Imprensa (ACI) e esta Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) estão encetando uma campanha pelo suprimento de lacunas existentes na galeria de hermas da Praça de Imprensa, na Aldeota, que reúne bustos de seis grandes jornalista cearenses falecidos. 

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