PRESIDENTE OU PRESIDENTA
Humberto Ellery
Achei
interessante a explanação da Profa. Miriam Mine, que publico a seguir, retirada da
Internet. Quando essa discussão (tola) surgiu, em torno de 2011, porque a Dilma
exigiu ser chamada de PresidentA, eu escrevi um post afirmando
isso: que ela tem todo o direito de exigir, pois o vocábulo está dicionarizado,
está no VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que é o documento
oficial da nossa língua, administrado pela ABL – Academia Brasileira de Letras.
Eu
tenho aqui comigo um exemplar do VOLP – 5ª edição de 2009 (última atualização
disponível) que registra o vocábulo “presidenta s.f.” (pag. 674). Na
minha edição mais antiga, de 1969, organizada pelo Aurélio Buarque de Holanda, não consta, por isso, na época, cuidei de adquirir a edição mais recente, onde
está contemplado o termo PresidentA.
Em todos os meus dicionários (entre etimológicos, enciclopédicos, modernos, históricos – são muitos, eu adoro dicionário) está presente o termo. Na minha edição do Aurélio (pag. 1134) estão previstas duas acepções: Presidenta [fem. de presidente] S.f. 1. Mulher que preside; e 2. Mulher de um presidente.
O
Dicionário Enciclopédico Koogan-Larousse só registra a acepção “Mulher
que preside”, que eu prefiro, pois não acho que a mulher do
mandatário tenha direito a um tratamento derivado do tratamento da autoridade
com quem ela é casada. Nos EUA existe um tratamento não oficial para a esposa
do Presidente que é First Lady, traduzido no Brasil
para Primeira Dama (que alguns
acham ridículo), em vez de presidenta.
No entanto, em todos os meus dicionários o vocábulo Presidente destaca as abreviaturas adj.s.2g.s.m., que significam “adjetivo e substantivo de dois gêneros e substantivo masculino”, portanto não está errado chamá-la de PresidentE, pois o termo serve pra macho e pra fêmea (2g.).
As
considerações da Professora Miriam Rita Moro Mine, da UFPR, acerca dos “particípios
ativos como derivativos verbais” estão corretas, mas a língua portuguesa é
viva, e, por alguma razão criou-se, ao longo do tempo, o que seria talvez uma
exceção, mas o fato é que o vocábulo PRESIDENTA EXISTE!
E eu não tenho nada contra o vocábulo, o que eu não aguento é a própria PresidentA.
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UTILIDADE PÚBLICA
COM MUITA ALEGRIA TENHO A GRATA SATISFAÇÃO DE
REPASSAR
À PRESIDENTE E A TODOS OS BRASILEIROS, ESSE ESCLARECIMENTO QUE FOGE AO ALCANCE DE CERTAS PESSOAS LIMITADAS.
ATÉ QUE ENFIM ALGUÉM CORRIGIU ISSO.
(Aula de português)
À PRESIDENTE E A TODOS OS BRASILEIROS, ESSE ESCLARECIMENTO QUE FOGE AO ALCANCE DE CERTAS PESSOAS LIMITADAS.
ATÉ QUE ENFIM ALGUÉM CORRIGIU ISSO.
(Aula de português)
Uma belíssima aula de
português! Foi elaborada para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem
presidente ou presidenta. A presidenta foi estudanta?
Existe a palavra "Presidenta"? Que
tal colocarmos um "BASTA" no assunto? Miriam Rita Moro Mine -
Universidade Federal do Paraná. No português existem os particípios ativos como
derivativos verbais.
Por exemplo: o particípio
ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o
de existir é existente, o de mendicar é mendicante...
Qual é o particípio ativo do
verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele
que tem entidade.
Assim, quando queremos
designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há
que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto, a pessoa que preside
é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que
tenha. Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz
estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não
"adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom
exemplo do erro grosseiro seria: "A candidata a presidenta se comporta
como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar
ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela
ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes
barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar
contenta".
NOTA DO EDITOR:
No âmbito acadêmico, essa discussão
nunca foi “tola”, porque fazer análises e firmar posições sobre o uso do idioma
vernáculo cabe mesmo às casas de letras.
A língua do povo não se regula pelas
normas jurídicas nacionais, pelo menos no Brasil. Na França e em
Portugal, por exemplo, há grande resistência popular a estrangeirismos idiomáticos, e até
normas cartorárias que coíbem o registro de pessoas com prenomes importados – com
intenção de proteção à sua cultura nacional.
Mas, no Brasil, com um código linguístico
ainda em formação, com base no português, mas com as mais diversas influências,
usar a gramática dessa ou daquela maneira não representa delito legal ou social
– menos nas provas de redação dos concursos públicos, em que a regra culta é
exigida.
De toda maneira, é de bom tom que as
instituições oficiais procurem aplicar de forma correta o idioma pátrio em sua
mais correta grafia e acepção, evitando usos gramaticais duvidosos, gírias e
erros ortográficos, em sua comunicação institucional.
A primeira mulher a assumir gerência
de banco particular em Fortaleza foi Eugênia Camarão, no Bradesco, e a primeira,
em banco público, foi Semírames Becco, no extinto Banco do Estado do Ceará (Bec),
ambas no final da década de 70 do século passado.
Na época, o Departamento de Relações
Públicas do Bec, provocado pela Diretoria Administrativa, promoveu um estudo
sobre se a nova comissionada seria tratada de “gerente” ou de “gerenta”.
Fizeram pesquisas e consultas, para concluir que o correto seria “gerente”. O
Bradesco seguiu a mesma orientação.
É um equívoco argumentar que
determinado uso linguístico passa a ser gramaticalmente correto pelo fato de
constar em dicionários. Os léxicos fazem registrar entre os seus verbetes todos
os termos encontrados na literatura e na imprensa, inclusive gírias, neologismo,
regionalismos e jargões em geral, sem poder abonar a sua correção.
O que determina que uma palavra está
grafada e pronunciada da maneira correta é o estudo fundamentado dos filólogos,
como a que o autor do artigo reproduziu, feito com base na coerência etimológica,
na lógica sintática, na semântica original.
Há convenções necessárias que
interferem na gramática, como, por exemplo, o termo “governanta”, que se passou
a aplicar especificamente àquela senhora que comanda os serviçais de uma
residência – para não confundi-la com qualquer mulher que governe uma outra coisa.
Então, o termo “presidenta”, que está
dicionarizado, nem por isso é gramaticalmente escorreito, pois, para que
estivesse, o neologismo “presidento” passaria a ser o seu masculino, o que não
se cogita. “Presidente” é um termo neutro, unissex, uniforme, sobrecomum, comum-de-dois.
É, portanto, desnecessário lhe impor essa
sexagem forçada – pois apenas a necessidade de maior compreensão e clareza justifica um
neologismo. “Gente” é um vocábulo claramente feminino; seria necessário masculinizá-lo quando ele refere aos homens?
De tudo se conclui que não comete
crime algum quem adota “presidenta”; que a palavra existe, pois está dicionarizada;
que o uso não está gramaticalmente correto, e como neologismo é absolutamente
desnecessário. Mas também se observa que a sua imposição pela Presidência de
República foi apenas um ato autoritário e feminista.
Hoje, a aplicação de “presidenta”
dividiu a Nação entre os que se avassalam diante das imposições do Governo
Federal, e os que dele se procuram manter independentes – dentre os políticos,
os órgãos de imprensa, a população em geral. Os que conhecem a língua repudiam
o uso porque sabem que ele não é escorreito, e porque, obviamente, como neologismo, ele não é
necessário.
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