INCONGRUÊNCIAS
BRASILEIRAS
Reginaldo Vasconcelos*
A LAMA MORAL
A
aguda crise que o Brasil vive atualmente tem fundo eminentemente moral, e não
meramente político, administrativo e financeiro, ao contrário do que a imprensa
preconiza. Tomamos erradamente os sintomas pela doença, as consequências pelas
causas.
A
política e a administração do País, em todas as esferas, vêm sendo geridas há muito tempo, com as raras exceções de praxe, por gente inescrupulosa, que se elege “democraticamente”, mediante propaganda enganosa, e uma vez
no poder chama comparsas para o aparelhamento da República. Hoje uma parte
responde a processo criminal, outra já está presa, e os demais, entre protagonistas e coadjuvantes, em sua maioria estão sob
fundada suspeição.
A briga pessoal instalada no seio da República entre a Presidente, inquinada em processo de impedimento por crimes de responsabilidade, e o deputado Eduardo Cunha, renitentemente na presidência da Câmara, é tratada por cada um deles como uma luta do bem contra o mal – e assim têm conseguido fazer entender os ingênuos nacionais.
Nada disso, trata-se da luta de um mal menor contra o mal absoluto. As pessoas esquecem que Cunha responde por delitos cometidos na base do Governo, e que portanto os dois atuais contendores são farinha do mesmo saco, os quais se desentenderam, como costuma acontecer no sub-mundo.
Ninguém, em sã consciência, acha que Eduardo Cunha é inocente, nem quer a sua permanência no poder, mas todos torcem para que antes de sair ele consiga "fazer a gata miar" – no linguajar lúdico nos meninos cearenses – quando se acumulam uns contra os outros, até que grite e se renda o que estiver sob maior pressão ou maior peso.
A briga pessoal instalada no seio da República entre a Presidente, inquinada em processo de impedimento por crimes de responsabilidade, e o deputado Eduardo Cunha, renitentemente na presidência da Câmara, é tratada por cada um deles como uma luta do bem contra o mal – e assim têm conseguido fazer entender os ingênuos nacionais.
Nada disso, trata-se da luta de um mal menor contra o mal absoluto. As pessoas esquecem que Cunha responde por delitos cometidos na base do Governo, e que portanto os dois atuais contendores são farinha do mesmo saco, os quais se desentenderam, como costuma acontecer no sub-mundo.
Ninguém, em sã consciência, acha que Eduardo Cunha é inocente, nem quer a sua permanência no poder, mas todos torcem para que antes de sair ele consiga "fazer a gata miar" – no linguajar lúdico nos meninos cearenses – quando se acumulam uns contra os outros, até que grite e se renda o que estiver sob maior pressão ou maior peso.
Enfim, para resolver a crise moral de uma vez por todas, bastava
que o financiamento de campanhas políticas fosse exclusivamente público – mas
não alimentando publicidade milionária, para vender candidatos como se fossem
sabonetes, com componentes dotados de falsos poderes de rejuvenescer e embelezar.
Os fatos já demonstraram, mas ninguém considera, que os grandes empresários brasileiros envolvidos nos escândalos financeiros, donos das empreiteiras, não corromperam ninguém, mas, ao contrário, foram corrompidos, achacados por partidos e por políticos desonestos, e constrangidos a financiar campanhas eleitorais, condição sine qua para conseguir contratos com o Governo, com a promessa de terem ressarcidas posteriormente essas despesas, superfaturando suas obras.
A
verba pública, se fosse seriamente adotado o financiamento estatal, seria usada para custear documentários isentos sobre cada
pretendente a cargo eletivo, revelando o seu passado real e o seu plano de governo. No mais, se promoveriam debates ao vivo pela TV, em que a verdade sobre as ideias e intenções de cada candidato sempre prevalece – com previsão de graves punições para aqueles que praticassem estelionato eleitoral, prometendo uma coisa enquanto candidatos, e fazendo outra, uma vez eleitos.
A LAMA MINERAL
Reportagem
da Globo News confirma agora, de forma científica, o que intuitivamente tenho
dito neste Blog sobre as barragens de rejeitos. A lama que vazou das mineradoras mineiras provocou uma
tragédia lamentável – que, entretanto, poderia ter sido evitada, se medidas preventivas tivessem sido adotados pelas empresas, impostas pelos órgãos competentes.
Têm-se demonizado a atividade econômica das mineradoras, deslembrando de que aquelas empresas davam milhares de empregos e eram a redenção econômica da região que vitimaram. O fato é que o projeto daquela indústria extrativa deveria ter sido obrigatoriamente consorciado com a produção de pré-moldados, usando-se o subproduto da extração de ferro para fabricar tijolo e cerâmica – em vez de acumulá-lo em represas perigosas.
Têm-se demonizado a atividade econômica das mineradoras, deslembrando de que aquelas empresas davam milhares de empregos e eram a redenção econômica da região que vitimaram. O fato é que o projeto daquela indústria extrativa deveria ter sido obrigatoriamente consorciado com a produção de pré-moldados, usando-se o subproduto da extração de ferro para fabricar tijolo e cerâmica – em vez de acumulá-lo em represas perigosas.
Mas
os malefícios do arrombamento são todos físicos e não químicos. Morreram peixes
nos rios porque a sílica em suspensão obliterou a insolação, desoxigenou a
água, provocou a desorientação espacial da fauna aquática e certamente lhes
obstruiu as guelras – mas não matou por envenenamento, porque aqueles rejeitos
não são tóxicos, conforme já confirmaram estudos realizados por universidades do Sudeste, muito mal divulgados.
No
litoral do Estado do Espírito Santo não morreu peixe nenhum, porque na amplidão
oceânica a diluição é bem maior, e os animais marinhos podem fugir para outras
áreas não atingidas pela lama. De todo modo, em um par de anos tudo decantará
inteiramente e o material ferroso, precipitado no fundo, talvez até fertilize o
solo, estimulando o ecossistema. No mais, tudo é bobagem sensacionalista e denuncismo exagerado.
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