ATENTADO DEMONÍACO
Reginaldo Vasconcelos*
As circunstâncias estranhas em que morreu Eduardo Campos sugerem
não ter sido casual, mas criminosa a sua torpe causação. Isso se considerarmos
o momento eleitoral, a inexistência de um quadro de risco minimamente
previsível para aquele desfecho, a absoluta desintegração dos corpos e de todos
os demais meios de investigação do acidente, inclusive a misteriosa ausência do
gravador de voz da caixa preta do avião.
No início de uma campanha política à Presidência da
República, envolvendo enormes interesses, exatamente quando ele
crescia nas pesquisas de intenção de votos, tudo isso evidencia que alguém da
pior qualidade, e com grande eficiência, pelas mais escusas motivações, tramou
contra o ex-governador de Pernambuco o terrível atentado.
Claro que não se pode acusar nenhuma das demais
candidaturas, pois todas elas estão compostas por pessoas de bem, acima de
quaisquer suspeitas, sem qualquer indicação de intuitos criminosos. Porém, as
paixões políticas que a campanha desperta podem ter levado um eleitor de maus
bofes a tramar contra o jovem e belo político que ameaçava de derrota eleitoral
o seu candidato, e o seu partido do coração.
Pessoalmente, sei de um óbvio suspeito de haver sabotado o voo,
com a pretensão de eliminar de uma só vez a chapa toda, mas que por
interferência divina falhou em parte, já que a candidata a vice, Marina Silva,
por um feliz acaso, naquele dia não estava no avião.
Posso apontar o culpado
sem receito de cometer contra ele qualquer injustiça, nem crime de calúnia, já
que há provas evidentes de sua decisiva participação no atentado, tanto como
idealizador quanto como executor – e a minha constatação certamente será para ele motivo de
orgulho e de regalo.
Porém não sei ainda para qual partido político trabalhou o
terrorista, e de qual candidatura ele é adepto, porque não se pode atinar ainda
sobre qual eventual futuro presidente eleito, dentre os candidatos
remanescentes, tem potencial para afundar o País nas mais odientas e infernais conjunturas políticas e econômicas que já se prenunciam no horizonte, que cada um promete combater – mas que certamente são
do interesse e estão nos planos dantescos do assassino.
Sim, porque o suspeito que estou a indiciar aqui é o próprio
demônio, o único ser capaz de atrocidade tamanha, que marcou esse tento
tenebroso contra o inditoso candidato e seis colaboradores, mas que foi contido
pelos espíritos bonançosos da floresta que protegem a frágil Marina, e que
certamente esbarrará a sua sanha malsã nas forças cósmicas que têm protegido esta
nação dos destinos políticos mais cruéis – embora historicamente não a poupe de expiar suas
culpas civis com sofrimentos sociais. Afinal, como se sabe, Deus é brasileiro.
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da
Cadeira de nº 20 da ACLJ
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