quarta-feira, 11 de março de 2020

CRÔNICA - "Irmão Mais Grande" (HE)

“IRMÃO MAIS GRANDE”
Humberto Ellery*


Conheci uns poucos meninos fracotes que, ainda no primário, prevaleciam-se de ter um “irmão mais grande”, em séries mais adiantadas, e saíam cheios de valentia dando botinadas nos outros garotos, alguns até maiores que ele, que não revidavam por medo da reação do “irmão mais grande”.

Eram garotos prepotentes, inseguros e malcriados que punham para fora toda sua agressividade estúpida, por se sentirem protegidos pelo “irmão mais grande”, que também era tido como agressivo, briguento e malcriado.

Não sou psicólogo ou psiquiatra, não pretendo me arvorar a “ir além das minhas humildes sandálias” (ne, sutor, ultra crepidam), e deitar falação sobre aspectos psicológicos do comportamento do Presidente Bolsonaro, mas é o que observo quando o vejo, protegido pela autoridade e poder institucional da Presidência da República, a sair dando botinadas  em Deputados, Presidentes e Primeiros Ministros estrangeiros, Generais, Senadores, Juízes,  Jornalistas... e em todos os que ele julga serem seus adversários. Lamentável.

Pior é observar pessoas inteligentes, cultas e bem sucedidas aplaudirem sua estupidez, suas “bananas’, sua total ignorância  (em todos os sentidos da palavra). “É assim mesmo, pelo menos está salvando (???) o Brasil”. E pensar que votei nessa cavalgadura no 2º turno. Triste! 

Quanto ao próximo dia 15 de março, repito o Cântico Negro do José Régio:


– Não sei por onde vou,
– Não sei para onde vou,
– Sei que não vou por aí!

“É como voto, Senhor Presidente”.



COMENTÁRIO

Humberto Ellery é eleitor do MDB, partido do qual foi servidor por algum tempo, em Brasília. Defendia a candidatura de Geraldo Alckmin no primeiro turno das últimas eleições. 

Tem toda a razão quanto aos modos toscos de Jair Bolsonaro, que não respeita a liturgia do cargo. Pior que ele, os desastrados três filhos e o boquirroto Olavo de Carvalho. Nesse particular, voto com Ellery.

Mas Ellery esquece que aqueles que Bolsonaro “julga serem seus adversários”, pelas mãos de um louco tentaram matá-lo durante a campanha... e o lesionaram gravemente. Nunca se descobriu quem contratou os advogados medalhões.

Esquece que esse “irmão mais grande” está recebendo caneladas e safanões de nanicos (todavia numerosos) estamentos da esquerda; da grande imprensa, veículos de comunicação por ele frustrados, lactentes tradicionais das tetas da República; de fisiológicos “seres do pântano” incrustados nos Três Poderes, adrede aparelhados.

Esquece Ellery que povo na rua é evento eminentemente democrático, e que só tem medo de manifestação popular ordeira quem tem muita “culpa no cartório”. Quem discorda da causa, não sai de casa  ou vai passear em Cuba. Simples assim.

Reginaldo Vasconcelos  
   


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