“IRMÃO MAIS GRANDE”
Humberto Ellery*
Conheci uns poucos meninos fracotes que, ainda no primário,
prevaleciam-se de ter um “irmão mais grande”, em séries mais adiantadas, e saíam
cheios de valentia dando botinadas nos outros garotos, alguns até maiores que
ele, que não revidavam por medo da reação do “irmão mais grande”.

Não sou psicólogo ou psiquiatra, não pretendo me arvorar a “ir além
das minhas humildes sandálias” (ne,
sutor, ultra crepidam), e deitar falação sobre aspectos psicológicos do
comportamento do Presidente Bolsonaro, mas é o que observo quando o vejo,
protegido pela autoridade e poder institucional da Presidência da República, a
sair dando botinadas em Deputados, Presidentes e Primeiros Ministros
estrangeiros, Generais, Senadores, Juízes, Jornalistas... e em todos os
que ele julga serem seus adversários. Lamentável.

Quanto ao próximo dia 15 de março, repito o Cântico Negro do José
Régio:
– Não sei por onde vou,
– Não sei para onde vou,
– Sei que não vou por aí!
COMENTÁRIO
Humberto Ellery é eleitor do MDB, partido do qual foi servidor por
algum tempo, em Brasília. Defendia a candidatura de Geraldo Alckmin no primeiro
turno das últimas eleições.
Tem toda a razão quanto aos modos toscos de Jair
Bolsonaro, que não respeita a liturgia do cargo. Pior que ele, os desastrados três filhos e o boquirroto Olavo de Carvalho. Nesse particular, voto com Ellery.
Mas Ellery esquece que aqueles que Bolsonaro “julga serem seus
adversários”, pelas mãos de um louco tentaram matá-lo durante a campanha... e o
lesionaram gravemente. Nunca se descobriu quem contratou os advogados medalhões.
Esquece que esse “irmão mais grande” está recebendo caneladas e
safanões de nanicos (todavia numerosos) estamentos da esquerda; da grande imprensa,
veículos de comunicação por ele frustrados, lactentes tradicionais das tetas da República; de fisiológicos
“seres do pântano” incrustados nos Três Poderes, adrede “aparelhados”.
Esquece Ellery que povo na rua é evento eminentemente democrático,
e que só tem medo de manifestação popular ordeira quem tem muita “culpa no cartório”. Quem discorda da causa, não sai de casa – ou vai passear em Cuba. Simples assim.
Reginaldo Vasconcelos
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