segunda-feira, 30 de março de 2020

CONTO - Uma Oração (ES)


UMA ORAÇÃO
Edmar Santos*


O céu ainda estava em dilema entre ficar dia ou se tornar noite; crepuscular.

Mãos postas colocaram-se em reverência, enquanto olhos pedintes direcionavam-se à abóboda escurecendo que fazia o firmamento. Um momento de oração.

O volume da voz era quase inaudível, os lábios movimentavam-se em compasso lento, fazendo das palavras uma corrente de letras oradas: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” (Salmos 42:11). Pálpebras cerraram-se, lágrimas caíram.

A mente, que de início acelerava-se em pensamentos angustiantes, quedava-se em um quase torpor de conexão, não mais com o externo aos olhos, mas com imagens de luzes de brilho, uno e ofuscante, dentro do crânio como se, naquele momento, a alma, ela toda, postasse-se em evidência. E murmurou, pedindo orientação para encontrar um conforto e paz. 


Em reposta, seus ouvidos escutaram uma música suave que dizia: “(...) o acharás, quando o buscares de toda a tua alma”. (Mateus 16;26). O sorriso recebia a mensagem, louvando em poesia: “Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma” (Provérbios 16:24). Palpitações cardíacas surgiram.

O coração em movimento de descompasso aliviava o aperto mantido pelo nó trazido no peito, e a esperança começava a colorir as luzes que brilhavam na mente; exaltante afirmou: “Ó Deus, tu és o meu Deus; (...) te buscarei; a minha alma tem sede de ti.” (Salmos, 63:1). Sorria e chorava ao mesmo tempo.

No ápice da alegria, em êxtase, as mãos se afastaram em paralelo, erguendo-se em direção ao alto, como que para pedir, mas também, receber algo em atendimento ao seu pleito angustiado; pronunciava palavras úmidas em lágrimas: “Senhor, livra minha alma dos lábios mentirosos e da língua enganadora.” (Salmo 120:2). Temia.

Sentindo suas mãos leves, as direcionou ao rosto e pressionou as faces, momento em que ouviu: “(...) não temais os que podem matar o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer, no inferno, a alma e o corpo”. (Mateus, 10:28). Reflexivamente ajoelhou-se.

Sentindo-se em alívio e consolo, enxugou as lágrimas que insistiam em umedecer seu rosto; entre soluços intermitentes, com convicção de quem vivencia esse mundo, sem, contudo, deixar de vivenciar também e intensamente a fé, em forma de canto alegre adorou: “Aguardo o Senhor; a minha alma o aguarda, e espero em sua palavra” (Salmos, 130:5).  Compreendendo melhor sua existência, repetiu em oração: “(...) a Cesar o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:19-21). Amém!

COMENTÁRIOS

O poder da oração, alívio e consolo nesse momento difícil que estamos passando e sempre!
Aline

...................................................................................

Oração sempre foi o consolo de nossa alma atribulada. Orai e vigiai
Rosângela Santos

5 comentários:

  1. Palavras lindas, parabéns Edmar Santos👏👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  2. O poder da oração,alívio e consolo nesse momento difícil que estamos passando e sempre!👏👏

    ResponderExcluir
  3. Oração sempre foi o consolo de nossa alma atribulada.
    Orai e vigiai🙏🙌👏👏👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  4. Deus é bom, pois no momento da aflição revela seus combatentes.

    ResponderExcluir
  5. Realmente somos fracos, mas Deus é forte pra nós livrar dos males.

    ResponderExcluir